A fauna paranaense tem 41 animais ameaçados de extinção em escala planetária. São espécies existentes no Paraná que correm o risco de desaparecer não só do estado, mas do planeta inteiro. É o que revela a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela IUCN (sigla em inglês da União Mundial para a Natureza, entidade ambientalista de atuação internacional). A lista, publicada anualmente pela IUCN com base em levantamentos científicos, traz uma relação de todos os animais ameaçados de extinção no mundo. Em 2004, eram 7,2 mil espécies em risco – 339 só no Brasil.
A Lista Vermelha da IUCN, quando comparada com a relação de espécies ameaçadas divulgada em junho de 2004 pelo IAP – Instituto Ambiental do Paraná, tem um número bem menor de animais em risco. Na contagem do IAP há hoje no estado 163 espécies ameaçadas de desaparecer dos ambientes naturais paranaenses. A diferença entre as listas existe porque um animal pode estar em risco de ser extinto no estado, mas em outras regiões não está ameaçado, explica o biólogo Adriano Paglia, da organização não-governamental Conservação Internacional, parceira da IUCN.
Precisão – Além disso, afirma Paglia, as listas elaboradas localmente tendem a ser mais precisas, pois as informações e pesquisas científicas são mais amplas no nível regional. O biólogo diz que também existe a possibilidade de que a falta de estudos sobre determinados animais acaba por excluí-los da relação de ameaçados. Não é por acaso, diz ele, que a relação de animais paranaenses na lista da IUCN traz praticamente só mamíferos e aves. “Essas classes são mais estudadas, em comparação com os répteis e mamíferos.” Por essa razão, afirma o biólogo, é provável que o número de espécies da fauna paranaense ameaçadas globalmente seja maior.
Apesar disso, Paglia diz que a relação da IUCN também é importante como um alerta aos paranaenses. “A lista da IUCN mostra que vocês têm a responsabilidade sobre 41 espécies ameaçadas globalmente. A extinção local dessas espécies pode ser drástica ao ponto de provocar uma extinção global.”
Algumas das espécies da fauna paranaense que constam na lista internacional são endêmicas, ou seja, existem apenas em pequenas regiões. É o caso, por exemplo, do mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara), diz a bióloga Tereza Cristina Castellano Margarido, coordenadora do grupo que elaborou a lista de mamíferos para o IAP. O mico, explica ela, ocorre apenas em uma pequena área do litoral norte do Paraná e do litoral sul de São Paulo.
Tereza ainda afirma que não necessariamente as espécies paranaenses que estão na lista da IUCN são as que mais correm risco no estado. Segundo ela, há animais classificados pelo IAP como “criticamente ameaçados” que não fazem parte da relação internacional. É o caso do porco-do-mato (Tayassu tajacu) e do veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus).
Degradação – A bióloga aponta a degradação dos ambientes naturais paranaenses – sobretudo dos biomas da floresta de araucárias, dos campos gerais e do cerrado – como a principal causa da ameaça de extinção No Paraná. No caso da mata de araucária, restam hoje apenas 0,8% da área originalmente coberta pelos pinheirais em bom estado de conservação. “A situação dos nosso campos gerais e do cerrado também é muito crítica”, afirma Tereza. Esses ambientes naturais vêm sendo intensamente ocupados por plantações, o que destrói o habitat de animais como o lobo-guará (Crysocyon brachyurus)e do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). (Fernando Martins – Gazeta do Povo/PR)