Funasa reforça atendimento em aldeias indígenas para combater desnutrição em MS

O agravamento do problema de desnutrição nas aldeias indígenas do Mato Grosso do Sul, que culminou com a morte de cinco crianças nos últimos 45 dias, levou a Funasa – Fundação Nacional de Saúde, órgão do Ministério da Saúde, a reforçar as equipes de atendimento e de educação em saúde na região e a transferir todo o gabinete do Desai – Departamento de Saúde Indígena para a cidade de Dourados.

Nesta quinta-feira (24) morreram duas crianças da aldeia Bororó, no município de Dourados. Uma menina de um ano e três meses morreu às três horas da madrugada, quando estava sendo transferida para o Centro de Reabilitação Nutricional de Dourados, o Centrinho. A Funasa emitiu nota sobre este caso, justificando que a criança nasceu com baixo peso e tinha síndrome de Down.

A nota alega que a menina era acompanha, há cerca de um ano, por equipes multidisciplinares da Funasa, que realizam todas as semanas avaliação de peso e estatura de 90% das crianças menores de cinco anos nas aldeias do estado. A menina que morreu nesta quinta-feira passou por duas pesagens nos últimos dias e, como foi constatada perda de peso, as equipes de atendimento providenciaram sua remoção para Dourados. A criança, porém, não resistiu e morreu no caminho, diz a nota.

Nesta sexta-feira (25), o diretor do Desai, Alexandre Padilha, viajou com toda sua equipe para Dourados, onde vai supervisionar as ações de atendimento à saúde do índio e combate à desnutrição. Ele disse que foram transferidos para esta cidade mais três nutricionistas e dois médicos para reforçar a equipe local, formada por quatro médicos, três enfermeiras e diversos agentes indígenas de saúde.

“Nós estamos utilizando esses profissionais para mobilizar a comunidade local, inclusive a própria comunidade indígena, para tentar diminuir a resistência de algumas famílias em aceitar a suplementação nutricional, o acompanhamento dos profissionais e a própria internação dos pacientes quando necessário”, disse Padilha.

O presidente da Funasa, Valdi Camarcio Bezerra, informou, por sua vez, que foram enviados à Dourados mais dois veículos às equipes de médicos, enfermeiros e de educadores em saúde para agilizar o atendimento à população indígena. “Introduzimos melhorias no atendimento à saúde no município, como as ações do Centro de Reabilitação Nutricional-Missão Kaiowá de Dourados (Centrinho), credenciado pelo Sistema Único de Saúde. E já estão sendo implantados centros de referência para melhoria alimentar em outros quatro municípios sul-mato-grossenses”, disse Valdi Camarcio. Os municípios são: Amambaí, Japorã, Murandae e Paranhos.

Para acabar com o problema da subnutrição crônica nas aldeias indígenas, Valdi Camarcio informou que a Funasa adotou um conjunto de medidas, como a ampliação da vigilância nutricional para gestantes e parcerias com a Funai – Fundação Nacional do Índio, Ministério do Desenvolvimento Social, organizações sociais locais, prefeituras, conselhos de defesa da criança para o cuidado das crianças e das famílias que estão abaixo da curva nutricional. Também está sendo formado na prefeitura de Dourados um comitê com representantes da Funasa, da Funai e do Conselho municipal de Saúde e profissionais de educação indígena e da sociedade local para articular ações de descentralização para reduzir a mortalidade infantil. (Lourival Macedo / Rádio Nacional)