Medicina não tem o que aprender hoje com índios da Amazônia, diz Varella

O médico Drauzio Varella defendeu nesta terça-feira (22), durante uma sabatina no Jornal Folha de São Paulo, a criação de regras para a pesquisa na região amazônica. Ele afirmou que a falta dessas regras impede o avanço de pesquisas iniciadas na região. Disse ainda que a medicina moderna muito pouco tem a aprender com os índios na Amazônia.

Segundo ele, a falta de regras está marginalizando qualquer pesquisa feita por estrangeiros no local. “Hoje os estrangeiros estão praticamente impossibilitados de fazer qualquer tipo de pesquisa na região. Tem gente que passou a vida na Amazônia classificando uma quantidade enorme de plantas. Se não fossem esses pesquisadores estrangeiros, nós teríamos conhecidos muito mal a Amazônia. Mas hoje eles são tidos como biopiratas. Temos que ter regras rígidas.”

Drauzio afirmou que ficou frustrado com suas incursões na pesquisa sobre plantas medicinais na Amazônia. “Chegamos a fazer dois ou três giros pela floresta. Desanimei no ato: 90% (dos remédios naturais dos índios) fazem bem para o fígado. Tudo é para o fígado. E tem chá bom para curar doença. Tá doente, toma chá e fica bom. Cheguei à conclusão que chá é bom e faz bem. E realmente faz. O sujeito está doente, está gripado, se sentindo miserável. Em geral, a miserabilidade do estado em que você se encontra é por desidratação”, disse.

Ele contestou a chamada medicina alternativa, que prega que os índios têm muito a ensinar em termos de cura de doenças. “É uma coisa errática essa coisa de que a medicina dos índios é sábia. É lógico que eles descobriram os curaris (veneno extraído da casca de um cipó e usado em flechas). Descobriram para matar uns aos outros. Descobriram umas drogas que assopram no nariz um dos outros. Mas a medicina dos índios… Infelizmente a gente não tem nada a aprender com isso. Eles sofrem de doenças terríveis. Estamos vendo aí o que acontece com as crianças desnutridas. Eles não têm remédios, ficam tomando chá porque não têm acesso à medicação, aos antibióticos”, disse ele.

Regras – Dráuzio defendeu a criação de regras para que a Amazônia possa ser pesquisada. “A Amazônia está aí para ser estudada. A única chance de preservação é através do estudo. Estudando, coloca lá cientista, gente que vai tomar conta, cria uma finalidade para aquilo que pode levar riquezas para a região, desde que estabeleçam as regras.” (Folha Online)