A Petrobras aguarda a elaboração de um estudo de viabilidade para decidir se instalará uma usina de biodiesel em São Mateus do Sul, Sul do Paraná. A estatal quer saber se os pequenos agricultores instalados no Centro-Sul do estado e no Norte de Santa Catarina conseguirão abastecer a unidade.
Na próxima terça-feira (19), durante reunião do secretariado em Curitiba, a Petrobrás assinará um protocolo firmando parceria com diversos órgãos estaduais, entre eles a Seab – Secretaria de Estado da Agricultura, que participarão da análise de viabilidade. Em 30 dias será finalizado um relatório que indicará medidas para garantir o abastecimento da usina.
A fábrica de biodiesel será instalada junto à unidade de processamento de xisto, que desde a década de 1970 produz óleos a partir do mineral. Dados preliminares da estatal mostram que o investimento no novo negócio ficará em torno de R$ 15 milhões. A capacidade de produção ainda não foi decidida, mas pode chegar a 40 mil toneladas por ano.
O estudo sobre produção de oleaginosas é necessário porque os fornecedores da Petrobrás serão pequenos agricultores. A estatal pretende aproveitar um benefício estabelecido pela lei que criou o plano nacional de biodiesel. A legislação estabelece que a compra de soja, girassol e outras matérias-primas com origem na agricultura familiar tem desconto de 68% nos impostos federais.
“A usina faz um contrato de compra antecipada da safra, fixa o preço e dá assistência técnica. Com isso consegue um selo social e se credencia para ter a vantagem no imposto”, explica o engenheiro agrônomo Richardson de Souza, coordenador do projeto de bioenergia da Seab. O estudo de viabilidade deve mostrar o potencial de produção de cerca de 50 mil agricultores do Centro-Sul.
Matéria-prima – A economia da região que será influenciada pelo projeto da Petrobras é baseada na produção de madeira, fumo, feijão e soja. Os técnicos da Seab, da Emater e do Iapar – Instituto Agronômico do Paraná devem sugerir o plantio de soja e nabo forrageiro como fontes de matéria-prima para a usina da Petrobrás. Além disso, outras culturas, como girassol, seriam testadas. “O nabo forrageiro pode ser uma boa alternativa porque já é cultivado na região como cultura de inverno, mas sem o propósito de ser colhido para a fabricação de óleo”, diz Souza.
De acordo com o engenheiro, a estatal ainda não apresentou dados sobre o volume de matéria-prima que seria processada. “Os detalhes de quantidade que seria comprada e da logística dependem da finalização do projeto da Petrobrás”, diz Souza.
O mercado de biodiesel deve se consolidar a partir de 2008, quando a adição de 2% do combustível ao diesel comum se tornará obrigatória, o que gerará uma demanda mínima de 800 milhões de litros por ano. A mistura já pode ser encontrada em uma rede de postos mineira. Por enquanto, a produção do óleo vegetal é feito por usinas pequenas e médias, sem qualquer ligação com a Petrobrás. Elas são autorizadas a vender o produto diretamente às distribuidoras. A adição também pode ser feita nas refinarias. (Guido Orgis/ Tudo Paraná)