A imagem é característica dos campos de petróleo em terra. O popular cavalo-de-pau, mecanismo com hastes usado para acionar a bomba de extração de óleo, está sempre lá, sobre o poço, trabalhando de forma ininterrupta.
Mas problemas nas partes que são flexionadas e a ruptura das hastes são bastante freqüentes. Além disso, as paradas para manutenção são grandes e existe a limitação de uso do equipamento dependendo da profundidade do poço de combustível.
Uma alternativa para o cavalo-de-pau está sendo proposta por um estudo que acaba de ser divulgado. O resultado é um motor linear tubular que poderá ser usado para acionar o bombeamento do óleo do fundo da terra. O sistema foi desenvolvido por Bernardo Alvarenga, da Universidade Federal de Goiás, em pesquisa que contou com a participação de José Roberto Cardoso e Ivan Chabu.
“O que estamos propondo é uma nova filosofia. Não estamos dizendo que o novo motor vai substitutir o cavalo-de-pau. Não se trata disso. Mas, com certeza, nos poços novos, se for o caso, uma alternativa poderá estar disponível”, disse Alvagenga à Agência FAPESP. A tecnologia foi desenvolvida durante a tese de doutorado do pesquisador, realizada no Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado (LMAG) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
“Nesse motor, em vez da rotação presente normalmente, tem-se um movimento de translação. Até onde sei, isso nunca foi usado para a aplicação que estamos propondo”, explica o professor da Universidade Federal de Goiás.
Para se chegar aos dois protótipos do Mateos (Motor Assíncrono Tubular para Aplicação na Extração de Óleo Submerso), o laboratório contou com recursos da FAPESP, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Petrobras. Os protótipos foram apresentados na quarta-feira (8/6), no LMAG.
Uma das etapas, a fabricação do primeiro motor, foi realizada pela Equacional Elétrica e Mecânica Limitada, empresa criada dentro do Programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe), também da FAPESP. A segunda versão do motor acaba de entrar em fase de testes no LMAG.
Nos procedimentos realizados até agora no campo teórico em várias simulações, o Mateos, que por conta de sua estrutura tubular pode ser montado por módulos, mostrou-se mais eficaz do que o cavalo-de-pau tradicional. No novo sistema, o único elo que existe com a superfície é o cabo elétrico. O motor, no caso, funciona no interior do poço. Segundo os engenheiros, essa é uma forma mais fácil e simples para se retirar o óleo.
“A partir de agora, nos testes práticos, vamos ver o desempenho térmico do motor, a estanqueidade [o óleo atravessa o interior da peça] e como se comportam as conexões elétricas e mecânicas entre os módulos”, explica Alvarenga.
Em dois ou três meses, acredita o pesquisador, estará tudo pronto para que o Mateos possa começar a ser preparado para fazer sua estréia em um poço de verdade. “O que estamos buscando é um novo nicho de mercado”, afirma. (Por Eduardo Geraque /Agência FAPESP)