O Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis deverá divulgar em agosto o resultado do diagnóstico sobre a situação das quatro espécies de micos-leões existentes no Brasil. O documento é o resultado do workshop de PHVA – Avaliação Populacional e de Habitat dos primatas. Além de representantes da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza, o encontro que discutiu os problemas e as soluções para a conservação dos micos-leões teve também a participação da Associação Mico-Leão-Dourado, do Instituto deEstudos Socioambientais do Sul da Bahia, do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e do CPB – Centro de Primatas Brasileiros.
O gênero Leontopithecus é representado por quatro espécies distintas mas que existem exclusivamente no território brasileiro: o mico-leão-dourado – (L. rosalia), o mico-leão-preto – (L. chrysopygus), mico-leão-da-cara-preta – (L. caissara) e mico-leão-da-cara-dourada – (L. chrysomelas).
A situação de cada uma das espécies em suas diferentes regiões requer cuidados especiais por parte dos gestores ambientais, pesquisadores e ONGs. As espécies encontram-se em diferentes condições na natureza, embora todas tenham em comum o fato de habitarem fragmentos de Mata Atlântica. É justamente este um dos principais fatores de ameaça aos micos-leões. Apesar de considerada Reserva da Biosfera, a Mata Atlântica continua a sofrer pressão provocada por expansão urbana, avanço de áreas agrícolas, desmatamento e tráfico de animais. Cada região onde existem micos-leões possui características socioambientais diversas.
Esse mosaico de diversidade é um desafio para a conservação dos micos-leões e exige um delicado trabalho de organização das informações científicas existentes para a definição de uma meta que seja global e ao mesmo tempo específica. Uma das propostas defendidas pelos especialistas é a adoção de ações integradas para as quatro espécies. Essa estratégia de conservação dos micos-leões vem sendo seguida desde 1990, quando os especialistas começaram a se reunir pra definir ações conjuntas para o gênero Leontopithecus. Os programas de conservação desse grupo de primatas existentes no Brasil são considerados modelo para outros países.
Mico-leão-dourado – Dos quatro micos-leões brasileiros, o dourado é o que se encontra em melhor situação graças ao trabalho desenvolvido pela Associação Mico-Leão-Dourado, entorno dos municípios de Cassimiro de Abreu e Silva Jardim, no Rio Janeiro, área de ocorrência da espécie. De todos, o mico-leão-dourado é um dos mais pesquisados e que tem mais apoio de organizações nacionais e internacionais devido à respeitabilidade do programa de conservação da espécie. A população selvagem de micos-leões-dourados é estimada em pouco mais de mil indivíduos. A espécie é modelo de conservação de fauna ameaçada.
Mico-leão-preto – Está na lista brasileira de animais ameaçados como espécie criticamente em perigo. Existe uma pequena população de cerca de cem indivíduos em cativeiro. Na natureza, a esperança de sobrevivência da espécie está no manejo de meta- populações, da mesma forma como foi feito com o mico-leão-dourado. É nativo da região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, naquilo que restou de Mata Atlântica no interior do estado.
Mico-leão-da-cara-preta – Considerada espécie criticamente em perigo. Possui uma pequena população quase toda concentrada no Parque Nacional do Superagüi, no Paraná. Seu alto grau de endemismo é um problema para a conservação devido à pouca variação genética entre os indivíduos da mesma espécie. Estima-se que existam cerca de 350 indivíduos dessa espécie.
Mico-leão-da-cara-dourada – A espécie é original da Mata Atlântica do sul da Bahia. É tida na classificação “em perigo” e a principal pressão sobre essa espécie vem da degradação do habitat e da coleta para tráfico de animais silvestres. Sua população é estimada entre 2 e 5 mil indivíduos. (Jaime Gesisky/ Ibama)