A luta contra o aquecimento global está prestes a ganhar o reforço de uma dupla inusitada: o médico Geraldo Alckmin e o ex-Exterminador do Futuro, Arnold Schwarzenegger. Os governadores de São Paulo e da Califórnia estão articulando os detalhes finais de uma parceria para redução das emissões de gases do efeito estufa nos dois estados. O acordo prevê a troca de experiências e tecnologias direcionadas ao controle das mudanças climáticas e da poluição urbana.
“Acho que podemos aprender muito um com o outro”, disse o secretário de Meio Ambiente da Califórnia, Alan Lloyd, que esteve em São Paulo na sexta-feira (26) para uma reunião com o governador Alckmin e com seu colega de pasta, José Goldemberg.
Em um desafio à política internacional do presidente George W. Bush, o governador Schwarzenegger baixou recentemente uma ordem executiva que exige a redução gradativa das emissões de gases do efeito estufa na Califórnia nos próximos 50 anos. Inicialmente, até 2010, as emissões deverão ser reduzidas ao nível de 2000. Em mais dez anos, deverão cair ao nível de 1990. E por fim, até 2050, deverão corresponder, obrigatoriamente, a 80% menos do que era emitido em 1990.
“São metas agressivas, mas viáveis”, defendeu Lloyd. “O governador Schwarzenegger acredita firmemente que é possível manter uma economia robusta e proteger o meio ambiente ao mesmo tempo.” O eleitorado, aparentemente, concorda: “Cerca de 80% da população da Califórnia acredita que o aquecimento global é um problema real e que algo precisa ser feito a respeito disso. O apoio é enorme”, garante o secretário.
A proposta da parceria com São Paulo surgiu no fim de julho, quando Alckmin escreveu uma carta ao colega californiano elogiando a assinatura da ordem executiva. “O Estado de São Paulo, no Brasil, está também adotando políticas que visam à redução das emissões de gases do efeito estufa sem prejuízo para o crescimento e o desenvolvimento econômico, apesar de não estar formalmente obrigado a isto pelo Protocolo de Kyoto”, escreveu o governador. “Espero que estejamos em condições de considerar um acordo cooperativo num futuro próximo, com base nessas políticas e interesses mútuos.”
“São dois estados que estão na vanguarda de seus países”, disse Goldemberg. “Queremos saber como eles fazem algumas coisas por lá, para implementá-las aqui também.” Do ponto de vista global, a iniciativa da Califórnia pode parecer um esforço inútil diante da recusa dos Estados Unidos em participar do Protocolo de Kyoto. Mas não é. Com mais 35 milhões de habitantes e 24 milhões de veículos, o “golden state” carrega um peso ambiental e econômico maior do que muitos países: é, sozinho, a sexta maior economia do mundo e o décimo maior emissor de gases do efeito estufa na atmosfera.(Gazeta do Povo)