Pouca chuva e queimadas favorecem desmatamento no sul do Amazonas

Desde maio, os índices de precipitação pluviométrica (quantidade de chuvas) no Amazonas, registrados pelo Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, ficaram abaixo da média observada nos dois últimos anos. Em julho, eles foram de 86 milímetros, contra uma média de 122 milímetros no mesmo período de 2003 e 2004.

Essa diminuição das chuvas coincidiu com o aumento dos focos de calor (queimadas), também monitorados pelo Inpe: até abril, eles estavam abaixo da média dos últimos quatros anos. Em julho, já foram 555 focos de calor contra 95,2 registrados no mesmo mês, entre 2000 e 2004. “A quase totalidade desses focos se concentra no sul do Amazonas, que é uma região mais vulnerável à seca”, afirmou o secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Virgílio Viana.

No Amazonas, porém, os incêndios não surgem naturalmente, como acontece no cerrado goiano: eles são provocados pela ação do homem. “O sul do estado é a área de expansão da fronteira agropecuária. Esse é o segundo fator que ajuda a explicar porque ele concentra os focos de calor”, justificou Virgílio Viana.

Ele defendeu a educação ambiental como principal instrumento para combater o problema. “O governo aí não pode fazer muita coisa. Cada cidadão deve dar sua contribuição, evitando a prática das queimadas.”

A SDS – Secretaria de Desenvolvimento Sustentável ainda não possui os dados relativos a agosto, mas Viana acredita que as chuvas dos últimos dias já surtiram efeito positivo. Dados parciais, relativos à semana dos dias 22 a 29 de agosto, apontam que o número de focos de calor no Amazonas diminui para 203. O município campeão é Lábrea, com 58 focos registrados. Não por acaso, a cidade é também a campeã do desmatamento, segundo levantamento feito pelo Sipam – Sistema de Proteção da Amazônia na área total dos 12 municípios do sul do estado.

Entre 2003 e 2004, 355 quilômetros quadrados foram desmatados em Lábrea (um aumento de 18% na área total degradada). (Thaís Brianezi/ Agência Brasil)