Até o dia 20 de setembro, os pesquisadores do Instituto Baleia Jubarte realizam um levantamento aéreo inédito no Brasil: a bordo de um avião bimotor, a equipe técnica irá percorrer o litoral desde Natal, no Rio Grande do Norte, até São Paulo, para elaboração de um censo aéreo de baleias da espécie “jubarte”.
Entre os meses de julho a novembro, as baleias jubarte (Megaptera novaeaengliae) saem da Antártida, onde se alimentam, e vêm para as águas mornas e tranqüilas do litoral da Bahia e Espírito Santo. Anualmente, cerca de quatro mil baleias migram para esta região para se reproduzir e amamentar os filhotes.
Segundo a diretora do Instituto Baleia Jubarte, Márcia Engel, o censo aéreo possibilitará avaliar de que forma e em que ritmo estas baleias estão repovoando as águas brasileiras, qual o número de animais, quais são os locais de concentração de fêmeas com filhotes, e onde os esforços de conservação precisam ser intensificados. “Será possível também avaliar a interação da população de jubartes com possíveis ameaças de origem antrópica, como as frotas pesqueiras, rotas de embarcações comerciais, plataformas de petróleo.”
Ela destacou que o censo aéreo, patrocinado pela Aracruz Celulose e pelo CENPES – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, também determinará se a área de São Paulo, passando pela Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é utilizada pelas baleias jubarte para a reprodução da espécie, ou se constitui em um corredor migratório em direção ao Banco dos Abrolhos, considerado o principal “berçário” no Atlântico Sul Ocidental. “Com pouca profundidade e temperatura amena, a região é ideal para reprodução da espécie”, observa Márcia.
A equipe técnica do Instituto Baleia Jubarte iniciou o sobrevôo dia 26 em Natal e foi até Salvador. São 10 pesquisadores do instituto que se revezam em grupos de quatro pessoas por trecho percorrido, ocupando as seguintes posições: observador de bombordo (esquerda), observador de boreste (direita), registrador e descanso.
Entre os dias 27 e 2 de setembro, a aeronave percorrerá o trecho entre Salvador e Caravelas, no sul da Bahia. No dia 3 de setembro, a equipe sairá de Caravelas com destino a Vitória (ES), com chegada prevista para dia 7. Entre os dias 8 e 11, a equipe do IBJ irá percorrer o trecho entre Vitória e Macaé (RJ). O último trecho será de Macaé a São Paulo, previsto para os dias 12 e 13 de setembro. O calendário poderá sofrer alteração de acordo com a previsão do tempo.
Desde 2001, os pesquisadores do Instituto Baleia Jubarte desenvolvem pesquisas com censo aéreo nos Estados da Bahia e Espírito Santo. A diretora informou que com cinco anos de sobrevôos, o Instituto pode afirmar que o Banco dos Abrolhos é de fato o local preferido pelas fêmeas com filhotes nesta região, e que cerca de quatro mil baleias migram todos os anos para estes dois estados para reprodução. “Também foi possível observar a presença de outras espécies de grandes baleias como as francas, minkes, sei e de golfinhos como o fliper, a toninha e os botos cinza”.
Em 2004, o IBJ realizou seis dias de sobrevôos, totalizando 55 horas de esforço, entre o final de agosto e o início de setembro. Nesse período foram percorridas 2.100 milhas náuticas e observadas 436 baleias jubarte, duas francas, uma cachalote, duas baleias minke, 96 pequenos cetáceos e 13 cetáceos não identificados. (Lara Preussler/ Ibama/IBJ)