Uma ave rara no ambiente de São Paulo amanheceu na terça-feira (4) no terreno de uma empresa no bairro Casa Verde, zona norte da cidade. O urutau (ou mãe-da-lua) pousou no prédio e, às 9h, foi visto por um funcionário. “À primeira vista, não aparentava ser um pássaro”, disse Alessandro Pestana, 33, auxiliar de processos da CTEEP – Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista.
A Polícia Ambiental resgatou a ave por volta das 15h30 e a levou ao Parque Ecológico do Tietê, na zona leste. O Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis será o responsável por soltá-la.
De olhos grandes, com cor de gema de ovo e penas acinzentadas e marrons, o urutau ficou imóvel até a chegada da polícia. Na mata atlântica, onde costuma ser encontrado, ele fica parado em galhos de árvores e, dessa forma, passa despercebido.
O pássaro alterou a rotina da firma. Câmeras e filmadoras registraram a visita. “Faço bebedouros e estruturas para os pássaros ficarem. Aparecem bem-te-vis, maritacas, mas esse foi a primeira vez que veio”, afirmou Augusto Cezar Nogueira Mendes, técnico em edificações.
Também foi novidade para o soldado Jaime Luiz Zanellato, da Polícia Ambiental, que nunca tinha feito nenhuma captura da espécie. “Ele quase não reagiu. Só gritou um pouco.”
O biólogo do Parque Ecológico, Gabriel Henrique Cardoso, disse que a ave está bem. “Ele deve ter fugido de uma área de desmatamento. O pássaro é um animal que tem território. Cada casal ocupa 500 m2”, disse.
A ave é citada em várias lendas do país, sendo que a principal associa o pássaro a uma índia impedida de casar com o guerreiro que amava. Na história, ela sofreu tanto que perdeu a fala e ficou imóvel em uma árvore. Depois, se transformou num urutau e voou mata adentro. (Simone Harnik/ Folha Online)