Apesar de a agricultura causar grande impacto na fauna, principalmente sobre as espécies de pequenos mamíferos (roedores e marsupiais), a diversidade biológica da Mata Atlântica no Estado de São Paulo se mantém em níveis razoáveis. Quem informa é o professor Luciano Martins Verdade, do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agrícola Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba.
O pesquisador estuda há alguns anos a diversidade de espécies de vertebrados (aves, mamíferos e peixes) em trechos de Mata Atlântica restantes e em ambientes agrícolas (pastagens, plantações de cana-de-açúcar e reflorestamentos de eucalipto) da bacia do rio Passa-cinco (afluente do rio Corumbataí, localizado na região entre Itirapina e Rio Claro).
Para ele, o impacto da destruição foi menor do que o esperado. “Os animais não utilizam somente estas áreas remanescentes, mesmo com a perda de praticamente 90% da área original”. A justificava é a de que os animais vêm mostrando uma boa capacidade de adaptação nas áreas agrícolas.
Com a constatação desta capacidade de adaptação, Verdade projeta que será possível conciliar os interesses ambientais com os agrícolas. “A fauna silvestre faz parte da paisagem agrícola, e, daqui por diante, ações para conciliar a conservação ambiental com a produção agrária devem ser tomadas. A sociedade tem que se preparar para esta capacidade adaptativa das espécies.”
Como exemplo, o professor da Esalq aponta que a pesquisa encontrou cinco espécie de felídeos (gatos silvestres), entre eles a onça parda. “Isso pode gerar novos conflitos. A Universidade deve ser capacitada para formar profissionais capazes de lidar com esses problemas, quando a fauna silvestre entrar em contato direto com a produção agropecuária. Por exemplo, quando houver a predação de gado por onças pardas e pintadas”.
Com a descoberta, Verdade acredita que “a filosofia conservacionista deve sofrer uma mudança de paradigma”. O estudo foi financiado pelo Biota, programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) criado para realizar um inventário das características da biodiversidade existente em São Paulo. (Fonte: Assessoria de Comunicação da Esalq)