A raiz do fracasso do modelo socioeconômico vigente hoje na Amazônia – exploratório e insustentável ambientalmente – é conseqüência da falta de políticas públicas adequadas, não de dinheiro. Essa é uma das conclusões de um time de especialistas independentes para o PPG7 – Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, veiculado ao governo federal, mas movimentado com fundos internacionais.
“Se o governo tem US$ 1,4 bilhão para investir no Sivam/Sipam (plano de monitoramento da Amazônia), tem dinheiro para modernizar os Estados amazônicos.”
O achado não é exatamente uma novidade, admite o atual presidente do grupo que fez o estudo, o cientista Carlos Nobre, do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Ele afirma, porém, que o quadro pode mudar caso o governo decida investir em tecnologia e na utilização de áreas já degradadas.
“Há tentativas para conter a expansão da fronteira agrícola na Amazônia, mas parece que o País perdeu sua capacidade de planejar”, disse Nobre durante o Mercado Floresta, evento que terminou nesta quarta-feira (8) em São Paulo. “Em Novo Progresso (MT), existem 80 km² voltados à exploração madeireira. E a indústria? Não tem lá.”
O relatório detalha os principais problemas que travam o desenvolvimento de atividades sustentáveis na região. Entre eles cadeias produtivas fracas ou incompletas, falta de acesso dos pequenos investidores a financiamentos, desregularização fundiária e despreparo das populações tradicionais.
“Elas estão muito presas a um modelo assistencialista. É importante que entendam seu papel dentro do elo produtivo, que se coloquem de forma altiva e ativa.”
Nobre reafirmou a urgência de mudar a forma de trabalhar na região. Ele lembra que políticas públicas demoram 15 anos para produzir retorno. (Estadão Online)