Respirar está mais perigoso, especialmente em cidades com mais de 100 mil habitantes, nas quais a queima de combustíveis fósseis deixa o ar cada vez mais poluído. Nesta segunda-feira (28), especialistas de diversos países se reuniram na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) para discutir os desafios metodológicos em conseguir medir os efeitos da contaminação do ar na saúde humana, especialmente em locais como Santiago, Cidade do México ou a própria capital paulista.
Apesar de ainda existirem muitas lacunas, alguns números gerais são usados como base para estudar o problema. Segundo o epidemiologista Aaron Cohen, do Health Effects Institute, em Boston, nos Estados Unidos, existem estimativas bem embasadas que mostram que a poluição atmosférica mata 799 mil pessoas por ano no mundo. Os dados apresentados por ele são de 2002, da Organização das Nações Unidas.
“As doenças cardiorrespiratórias são as principais causas dessas mortes”, disse Cohen. Segundo ele, do total, 712 mil são atribuídas aos problemas respiratórios ou de coração. A segunda causa, responsável por 62 mil óbitos, é o câncer de pulmão. O Sudeste Asiático, em primeiro lugar, e a América Latina, em segundo, são os piores lugares para se viver, em termos de poluição urbana do ar.
Cohen fez questão de lembrar que problemas como pressão e colesterol altos, fumo, sobrepeso e sexo inseguro são ainda as principais causas de morte em termos mundiais, mas a poluição atmosférica das grandes cidades já aparece entre as 15 principais causas. “Nos próximos dez anos, por causa do ar poluído, 175 milhões de pessoas no mundo estarão sob o risco de desenvolver um problema cardiorrespiratório”, afirmou Cohen.
(Fonte: Eduardo Geraque / Agência Fapesp)