Uma decisão da Justiça Federal interrompeu os preparativos para o abate sanitário de 1.800 bois supostamente com febre aftosa na fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, no Paraná. O proprietário obteve anteontem uma liminar que impede a matança do gado enquanto o Ministério da Agricultura não apresentar todos os laudos da doença nos animais do imóvel.
A ação cautelar que impede o chamado “”sacrifício” foi concedida pelo juiz federal Cleber Otero Sanfelici, de Londrina, antes que o ministério fosse comunicado da autorização do Conesa (Conselho Estadual de Sanidade Animal) para que os animais fossem mortos e enterrados na fazenda.
Na quarta-feira, o Conesa –órgão com representantes dos governos estadual e federal e do setor privado– concordou com a morte do gado como medida para apressar o retorno do Paraná ao mercado internacional da carne. O abate é uma das exigências da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).
O juiz deu cinco dias para que o Ministério da Agricultura apresente todos os laudos que justifiquem a limpeza sanitária da fazenda Cachoeira. Escreveu na liminar que a decisão prevalece “”até que a União [por meio do ministério] efetivamente apresente indícios que acarretem suspeita da existência da febre aftosa em animal desse rebanho”.
A delegacia do Ministério da Agricultura no Paraná não havia sido notificada da liminar até o final da tarde de ontem. A superintendente substituta, Rosilena Lima Halfen, disse que a Advocacia Geral da União deve recorrer da medida na próxima semana. Na sede do ministério, em Brasília, nenhuma autoridade sanitária falou sobre o caso à Folha.
O caso da Cachoeira repete a situação da fazenda Bonanza, de Mato Grosso do Sul, de onde saíram 209 animais em outubro –quando foi constatada a aftosa no rebanho sul-mato-grossense– para a fazenda do Paraná.
O advogado da Cachoeira, Ricardo Jorge Rocha Pereira, é o mesmo que conseguiu barrar na Justiça Federal em MS a matança de 1.050 cabeças da Bonanza. A liminar saiu em 15 de dezembro e o ministério ainda não conseguiu derrubá-la.(Fonte: Mari Tortato / Agência Folha)