Governo do Acre quer chamar a atenção do Peru para exploração ilegal de madeira em área fronteiriça

O governo do Acre pretende organizar uma agenda para chamar a atenção do governo peruano ao problema de exploração ilegal de madeira em Envira (AC), região de fronteira entre Brasil e Peru. A informação é do secretário estadual de Povos Indígenas do Acre, Francisco Pinhanta.

“A exploração de madeira é muito forte do lado do Peru. Muitas áreas de concessão madeireira fazem fronteira com o Brasil. Estamos trabalhando numa agenda para suspender, junto com o governo regional do lado do Peru, essas concessões”, disse.

Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, ele afirmou que o problema na região é antigo. Pinhanta contou que, no lado brasileiro, existem áreas de proteção demarcadas no Brasil, que incluem terras indígenas, reservas extrativistas e parques nacionais. No lado peruano, segundo ele, não existem essas definições e nem uma política que garanta a proteção.

O secretário explicou que o fato de o Peru não ter essas áreas definidas faz com a exploração de madeira lá seja muito forte. “No lado do Peru, essas áreas estão sendo ocupadas por madeireiros e essas atividades estão pressionando os índios que estão lá”, observou. “Muitas áreas de concessão madeireira fazem fronteira com o Brasil. Então, corre o risco sim de ter sérios problemas no lado do brasileiro”, acrescentou.

Segundo ele, o governo do Acre está reunindo órgãos brasileiros para fazer uma ação conjunta no sentido de tratar a questão da maneira que ela está sendo denunciada pela Frente de Contato da Funai – Fundação Nacional do Índio na região. “Se for necessário verificar in loco, a gente vai”, completou.

A Frente de Proteção da Funai em Envira detectou a exploração, por madeireiras, de mogno em uma reserva para índios isolados no lado peruano. A extração ilegal foi identificada quando pranchas de madeira desceram para o território brasileiro pelas cabeceiras do rio Envira.

A região da bacia do rio é habitada por várias etnias de índios isolados, sobretudo os Masko-Piro, do lado peruano, e os Pano, no Brasil, que são inimigos culturais. Devido à extração ilegal de mogno, os indígenas do lado peruano estão sendo forçados a deixar suas terras e passar para o lado brasileiro. O governo brasileiro teme que a situação gere conflitos entre os indígenas das duas etnias. (Paula Catarina/ Rádio Nacional da Amazônia)