Equipes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde chegam nesta quarta-feira (12) a Campos, no norte fluminense, para investigar a morte suspeita de quatro crianças. Elas apresentavam sintomas como incontinência urinária, náuseas, febre e hemorragia pulmonar. Até agora a hipótese mais provável é de que tenham contraído hantavirose, doença transmitida por ratos. Um bebê de 4 meses morreu no domingo (9) de causa ainda não determinada, mas a Secretaria Municipal de Saúde não relaciona os casos.
Os técnicos do Ministério da Saúde, que partiram de Brasília (DF), vão analisar as vísceras de uma ratazana capturada no quintal da casa onde moravam duas das crianças. Na residência, funcionários do Centro de Controle de Zoonoses de Campos também encontraram ninhos de ratos no colchão em que os irmãos dormiam, e tocas de roedores. “Para manusear o rato morto é preciso ter cuidados de biossegurança. Por isso, os técnicos do Ministério da Saúde estão vindo, porque eles têm experiência em hantavirose. As normas de segurança são necessárias até para não haver risco de contaminação dos próprios técnicos”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Quitete.
A Fiocruz – Fundação Instituto Oswaldo Cruz também enviou uma equipe ao município, a 278 quilômetros da capital, para auxiliar nos trabalhos. Os técnicos da Fiocruz pertencem ao Laboratório de Biocontrole de Esquistossomose e faziam trabalho de campo em Barra do Piraí, no sul fluminense. Eles foram deslocados para Campos e deverão chegar no fim da noite de quarta-feira.
Ricardo Pereira Igreja, médico da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em doenças infecto-contagiosas, explica que a transmissão da doença se dá pela inalação do vírus, presente nos dejetos dos ratos ou roedores silvestres. “A contaminação de pessoa para pessoa, a princípio, não existe”, disse. Igreja salientou que é preciso que sejam tomadas medidas para evitar a proliferação de ratos, como ter cuidado com o lixo.
“Também é bom ter em casa, animais que ajudam na limpeza do terreno, como galinhas. Uma vez que tenha havido contaminação, é preciso fazer um trabalho de desinfecção”, afirmou.
A Secretaria Municipal de Saúde de Campos anunciou para a próxima semana um mutirão de combate aos roedores no bairro Parque Santa Rosa, onde as crianças moravam. Técnicos da Vigilância Epidemiológica do município permanecem no bairro para tentar identificar novos casos da doença suspeita, a fim de garantir atendimento médico rápido – das quatro crianças mortas, só uma chegou ao hospital. A prefeitura espera receber, até sexta-feira, o resultados dos exames de sangue realizados nos parentes das quatro crianças do Parque Santa Rosa. Os testes podem revelar se há outras pessoas foram contaminadas. Já o laudo da necropsia feita pelo Instituto Médico Legal ainda não tem data para ser concluído. (Clarissa Thomé/ Estadão Online)