Brasil e EUA assinam acordo para manter projeto na Amazônia

Descobrir se a Amazônia tem um efeito positivo ou não no sistema planetário de reciclagem do carbono é fundamental para entender as alterações climáticas e tomar medidas para combatê-las, segundo os cientistas.

Essa será uma das prioridades para os próximos anos do chamado “Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia” (LBA, em inglês), segundo Diane Wickland, diretora do programa de ecologia terrestre da Nasa.

Brasil e EUA assinaram na quinta-feira (20), no Museu de História Natural de Washington, um acordo para manter este projeto, assim como outro chamado “Determinantes Biológicas de Fragmentos Florestais”, ambos dirigidos pelo Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

“A Amazônia não é um ecossistema, é um conjunto muito grande de ecossistemas”, cuja dinâmica é muito importante para o clima mundial, explicou à Efe Adalberto Luis Val, diretor do Inpa, que participou da cerimônia.

Mediante o uso de dados enviados por satélites da Nasa, entre outros recursos, o LBA já mudou algumas de suas concepções. Antes, “pensávamos que a floresta captava mais carbono, era mais produtiva na temporada de chuvas porque tinha mais umidade, mas estávamos errados”, disse Wickland.

Os pesquisadores do LBA, maior projeto do mundo sobre a interação entre as florestas tropicais e a atmosfera, demonstraram que as plantas capturam mais dióxido de carbono na época de seca porque há menos nuvens que “escondam” o sol. Ao mesmo tempo, as grandes árvores amazônicas têm raízes profundas que lhes permitem chegar a solos úmidos.

Por outro lado, as zonas desflorestadas para cultivo ou ocupadas por florestas “secundárias”, que cresceram após podas, não contam com essas raízes profundas e são mais suscetíveis à seca, como a sofrida no ano passado, a pior em mais de 50 anos na região.

Outra das descobertas do LBA é de que algumas regiões da bacia do Amazonas se comportam como um “oceano verde”. No mar, os núcleos de condensação que as nuvens formam são diferentes dos da terra, porque o tamanho das partículas que transportam é diferenciado.

Na época de chuvas, a umidade é tanta que as copas das árvores na zona ocidental do Amazonas atuam como a superfície de um oceano, segundo os cientistas.

“Os meteorologistas coçavam a cabeça e diziam: ‘Não posso acreditar no que acontece aqui'”, quando se deram conta do efeito, segundo Wickland. A descoberta “muda substancialmente a forma pela qual calculamos a importância da Amazônia no clima mundial”, acrescentou. (Efe/ Folha Online)