Seminário discute resultados da criação de reservas extrativistas

Até sexta-feira (28), representantes da sociedade civil, de comunidades tradicionais e do governo participam do “Seminário Projeto Resex: Balanço e Perspectivas”, organizado pelo Ibama, para avaliação das conquistas e aprendizados obtidos com a criação de reservas extrativistas, categoria de unidade de conservação de uso sustentável existente no país desde 1990.

As reservas Alto Juruá e Chico Mendes, ambas no Acre; Rio Cajari, no Amapá; e Rio Ouro Preto, em Rondônia; foram as primeiras a serem implementadas. Hoje são 48 Resexs e uma reserva de desenvolvimento sustentável federal – modelo semelhante de unidade – que somadas ocupam mais de 10 milhões de hectares e envolvem 45 mil famílias.

A maioria das famílias trabalhou nos seringais na Amazônia, em regime praticamente de escravidão. Isso mudou com as resexs: a comunidade garante fonte de renda explorando de forma sustentável os recursos naturais. “Eu nasci e me criei nesses seringais, sei como era e sei como está agora. Ainda com muitos problemas, mas bem diferente do que era antigamente”, comentou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao abrir o seminário.

“Cai lágrimas dos olhos das mulheres quando falam da melhoria de qualidade de vida e de organização com a criação das resexs”, endossou o presidente da Associação da Resex Cajari, Calixto de Souza, outro a discursar na abertura. Ele disse ter certeza de que o Brasil pode transformar-se em um país de primeiro mundo – tamanha a riqueza dos recursos naturais – se houver um “trabalho firme”.

As reservas extrativistas são prova de convivência pacífica entre homem e natureza. O diretor de Desenvolvimento Socioambiental, Paulo Oliveira, explica que tais unidades resultaram da construção social dos movimentos organizados. “Começou com a luta dos seringueiros do Acre, como Chico Mendes e Wilson Pinheiro, e se espraiou pelo restante do Brasil, exatamente por meio daqueles grupos sociais que têm uma vinculação com a natureza para o seu trabalho e a sua vida, especialmente o extrativismo de produtos vegetais ou animais.” (Sabrina Sato/ Ibama)