Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Max Planck, da Alemanha, mostra que pássaros nascidos em ambientes urbanos são mais resistentes ao estresse que outros da mesma espécie, nascidos na natureza. Os cientistas responsáveis pelo trabalho – Jesko Partecke, Ingrid Schwabl e Eberhard Gwinner – supõem que a tolerância maior tem base genética e reflete uma resposta às pressões de seleção natural específicas das cidades.
Muitos pássaros desenvolveram uma relação íntima com os ambientes artificiais criados pela humanidade. Os pardais, por exemplo, estão tão integrados à cidade que seu hábitat original é desconhecido. Mas os pássaros urbanos também enfrentam distúrbios estressantes nas cidades, como poluição, trânsito, luz excessiva à noite, além da presença aguda de cães e gatos.
Entre os mecanismos fisiológicos usados por animais vertebrados – incluindo seres humanos – para lidar com situações adversas, está a resposta de estresse agudo, caracterizada pela liberação de hormônios esteróides glucocorticóides. A presença desses hormônios no corpo por um curto intervalo de tempo ajuda na adaptação rápida à situação, mas o estresse prolongado, com a presença crônica dos hormônios no organismo, pode levar a problemas nos sistemas imune, reprodutor e nas funções cerebrais.
Ainda não se sabia se uma espécie de pássaros alemães, que até 200 anos atrás vivia exclusivamente em florestas, havia sofrido mudanças na resposta fisiológica ao estresse, para se adaptar ao estilo de vida urbano.
Para responder à questão, os pesquisadores criaram filhotes coletados no centro de Munique e numa área florestal. Ambos os grupos ficaram num mesmo aviário por um ano. Os animais firam submetidos a um protocolo de estresse e passaram por exames de sangue. Nos primeiros meses de vida, a concentração de hormônios do estresse nos dois grupos foi a mesma; no semestre seguinte, a resposta de estresse dos pássaros urbanos foi sensivelmente menor em comparação à dos da floresta. (Estadão Online)