Golfinho aleijado pode ganhar prótese de cauda

Quando o cientista Steve McCulloch viu mais um golfinho ferido gravemente por causa da ação humana, resolveu transformar a indignação em ação: a saída, para o golfinho, apelidado de Winter (Inverno) pode ser uma prótese de cauda. Se a logística funcionar, a prótese de Winter será a primeira de um golfinho que perdeu não só a cauda, como também a poderosa junta que permite ao animal dar batidas para cima e para baixo.

“Nunca houve um golfinho como ela”, disse Dana Zucker, chefe de operações do Aquário Marinho de Clearwater, referindo-se a Winter, que é fêmea. Um golfinho no Japão já usa prótese, mas apenas para uma parte da cauda.

Winter era um bebê desidratado de três meses quando chegou ao centro de resgate de animais, em dezembro de 2005. Um pescador a havia encontrado, presa na linha de um caçador de caranguejos, perto do Cabo Canaveral. A linha havia se estreitado em torno da cauda, cortando o suprimento de sangue para as nadadeiras.

“Depois de algumas semanas, ela simplesmente caiu”, explica Zucker. Winter ficou com um toco arredondado.

Um grupo de mais de 150 voluntários e veterinários passou meses ajudando o golfinho a recuperar a saúde. Winter, no final, aprendeu a nadar sem cauda, usando movimentos que lembram uma mistura do nado dos jacarés com o dos tubarões. Mas Winter não é capaz de acompanhar a velocidade dos demais golfinhos.

O plano de construir uma cauda artificial para Winter é inédito. Zucker já consultou um fabricante de equipamento de mergulho, uma fábrica de pneus e a Marinha.

“A cauda do golfinho é a máquina de nadar mais poderosa da natureza”, diz McCulloch. “A prótese terá de ser uma maravilha da engenharia moderna”. (AP/ Estadão Online)