O astrofísico australiano John Lattanzio, um dos autores do trabalho, explica que o problema girava em torno do gás hélio-3. “A teoria do Big Bang prevê uma certa quantidade de hélio-3 no Universo”, diz o pesquisador, e essa previsão não parecia bater com os fatos.
“O problema é que estrelas leves (com até duas vezes a massa do Sol) também geram hélio-3. Imaginava-se que, quando a estrela se torna gigante, o hélio-3 chegaria à superfície”, e no final acabaria disseminando-se pelo espaço, explica o cientista. “Mas há inconsistências na quantidade de hélio-3 prevista pela teoria e a quantidade observada: há muito menos que o esperado”.
Alguns cientistas haviam teorizado que, se a teoria do Big Bang não estivesse errada, algum processo nas estrelas, talvez a rápida rotação, estaria destruindo o hélio-3. Mas modelos de computador criados para levar a rotação em conta não conseguiram reconciliar os dados com a teoria.
Lattanzio, em colaboração com o americano David Dearborn, realizou simulações em 3D de uma estrela gigante vermelha em alguns dos computadores mais poderosos do mundo, em busca de um mecanismo de destruição do hélio-3. Os resultados estão na edição desta semana da revista Science.
Os pesquisadores descobriram que, perto do fim da vida da estrela, ocorre uma instabilidade no movimento dos gases no interior do astro. Os pesquisadores viram que bolhas de material, ricas em hidrogênio e com pouco hélio-3, flutuam para as camadas exteriores da estrela, deixando o hélio-3 para trás, mais perto do núcleo, onde os átomos acabam se fundindo e são destruídos.
“Quando olhamos para isso em 3D, descobrimos que a instabilidade hidrodinâmica destruía o hélio-3, de modo que não havia nenhum para ser liberado no espaço”, diz Lattanzio.
(Fonte: Estadao.com.br)