Ele tinha cerca de 1,5 metro, era quadrúpede e o osso da mandíbula não tinha dentes na parte da frente, como as tartarugas, o que é chamado pelos especialistas de bico córneo. Era vegetariano e viveu na região de Agudo, no Rio Grande do Sul, 220 milhões de anos atrás. Dos 12 fêmures achados nas rochas, nenhum era correspondente à perna esquerda. Resultado: foi batizado de Saci.
Esta é a descrição da nova espécie de dinossauro encontrada no Brasil por equipes da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e reconstituída e identificada em parceria com a USP de Ribeirão Preto (SP). Apresentado nesta quinta-feira (3) em Ribeirão Preto, o Sacisaurus Agudoensis só deverá ser conhecido em todo o país em 2007, quando uma exposição itinerante deverá reunir todas as espécies de dinossauros brasileiras já identificadas.
“Os dinossauros identificados no Rio Grande do Sul e no noroeste da Argentina estão entre os mais antigos do mundo”, conta o paleonteólogo e professor Max Langer, do departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP-Ribeirão.
Os fragmentos encontrados em Agudos, cidade da região de Santa Maria (a 300 km de Porto Alegre), foram suficientes para reconstituir 40% do dinossauro. Langer conta que foram ao todo cerca de 50 ossos de indivíduos – uma coincidência inexplicável serem todos os fêmures da perna direita. Mas o Saci tinha quatro pernas e agora, é a quinta espécie descrita no Rio Grande do Sul. “Trata-se de um grupo totalmente extinto”, diz o professor.
Os demais dinossauros brasileiros são saurísquios. Langer explica que os saurísquios têm a bacia semelhante à dos lagartos, também sem ter com eles qualquer parentesco. Mas – coisas da ciência – têm parentesco com as aves. Dos dinossauros descritos no Brasil, o maior tem cerca de 15 metros de comprimento. (Reuters/ O Globo Online)