A importância da preservação da Amazônia para o equilíbrio climático global foi discutida na terça-feira (14), em um dos eventos paralelos realizados na COP12 – 12° Conferência sobre Mudanças Climáticas, que está sendo realizada em Nairóbi, a capital do Quênia. Os pesquisadores do Ipam – Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, com sede em Belém (PA), e do WHRC – Woods Hole Research Center, de Massachussets, nos Estados Unidos; ressaltaram a importância de se investir em políticas de desenvolvimento sustentável e redução de desmatamento em economias emergentes.
Entre os desafios apontados pelos cientistas, está proposta que prevê incentivos para os países que reduzirem suas taxas de desmatamento. O Brasil é uma peça-chave neste contexto, pois cerca de 75% de suas emissões de gases que provocam o efeito estufa são originários do desmatamento e da mudança do uso do solo na Amazônia. Segundo o ecólogo Paulo Moutinho, do Ipam, a manutenção dos estoques de carbono retidos na floresta Amazônica, além de reduzir as emissões de gases poluidores tem um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e na garantia do nível de vida das populações locais. Estudos revelam que todos os anos, a fumaça gerada pelas queimadas é responsável por milhares de internações, onerando o já combalido sistema de saúde brasileiro.
Moutinho ressaltou a disposição do Governo Brasileiro em defender uma proposta de compensação para países desenvolvidos que conseguirem reduzir o desmatamento em seus territórios. A idéia assume alguns preceitos de uma outra proposta, chamada Redução Compensada do Desmatamento apresentada por pesquisadores do IPAM e colaboradores há três anos durante a COP9 em Milão. Segundo o ecólogo americano Daniel Nepstad, do Ipam e WHRC, os estudos de modelagem desenvolvidos na Amazônia mostram que a região é susceptível às alterações climáticas. Ele citou como exemplo as secas severas registradas no ano passado e que teve dimensões catastróficas.
Pesquisas do Ipam, que simulam a seca na Amazônia, revelaram que a redução de chuvas, como a registrada em 2005 na Amazônia, podem levar ao colapso as maiores árvores da floresta, reduzindo a densidade das copas e disponibilizando grandes quantidades de material orgânico com alto potencial combustível, tornado a floresta susceptível ao fogo.
Além de Moutinho e Nepstad, participaram da apresentação pesquisadores da Universidade de Renmin, China; e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Eles destacaram a importância de se investir em matrizes energéticas alternativas que substituam o uso de combustíveis fósseis, principalmente na China e Índia – países que registram forte crescimento econômico e conseqüentemente uma demanda cada vez maior de energia, que no caso das duas nações tem como principais fontes o carvão mineral. Entre as alternativas apresentadas pelos cientistas está o desenvolvimento de novas tecnologias que utilizam a biomassa em substituição das fontes de energia tradicionais. (Ipam)