A Superintendência do Ibama no Maranhão, a Fundação dos Mamíferos Aquáticos e o Instituto Alcoa criaram recentemente um projeto para estender a partir do próximo ano a campanha “Não Mate o Peixe Boi” a todo o litoral maranhense. Além disso, a analista ambiental Carolina Alvite foi à Belém (PA) para num encontro que discutiu o problema da conservação da espécie nos vários estados das regiões norte e nordeste.
Atualmente, as principais ameaças ao peixe-boi são as redes de pesca. Entre elas estão as redes potenciais, conhecidas também como redes de espera. Um exemplo é a zangaria, que tem uma malha grande e é colocada numa área fixa, onde o peixe boi fica preso e, por ser um mamífero que precisa vir à superfície para respirar, acaba morrendo afogado. Há ainda problemas com redes de arrasto e os currais de pesca – em que o animal entra durante a maré cheia, não conseguindo sair quando a mesma seca.
Segundo Carolina Alvite, uma possível solução seria, nas áreas em que o peixe boi aparece com freqüência, não utilizar esses tipos de redes, evitando por exemplo determinadas malhas, confeccionadas com nylon muito grosso. “Mas um passo fundamental é o aprofundamento do trabalho de pesquisa em relação à interação entre esse tipo de arte de pesca e a morte de peixes-boi, surgindo a partir daí medidas eficazes, seja o zoneamento de áreas com grande incidência da espécie ou até a proibição dessas redes em alguns locais, se for o caso“, afirma Alvite.
No final de outubro, o CMA/Ibama – Centro de Mamíferos Aquáticos verificou a ocorrência da morte de um peixe-boi no rio Mapari, na localidade Siquibira, no município de Humberto de Campos. A equipe encontrou o animal já em estado de decomposição, sendo encontrados grandes hematomas e uma marca roxa na nadadeira peitoral esquerda, provavelmente causada por uma corda ou rede.
Na região, é muito freqüente a utilização de malhadeiras. De acordo com a população local, no período de lua crescente ou minguante, este tipo de rede é colocado em canais e igarapés profundos, representando um enorme perigo ao peixe-boi. O tamanho da rede varia de 110 a 220 metros de comprimento, confeccionada de nylon grosso e malha grande.
A comunidade está elaborando um abaixo assinado solicitando ao Ibama que aquela área seja fechada para a utilização de certos tipos de artes de pesca. No animal encontrado foram feitos procedimentos de biometria, registro fotográfico e coleta de material biológico. Ele foi transferido para São Luís e enterrado nas proximidades do Cetas/ Ibama – Centro de Tratamento de Animais Silvestres.
O CMA aproveitou a ocasião para promover uma curta palestra informando aos moradores locais que o peixe-boi marinho é um animal ameaçado de extinção e protegido por lei. Em 2006, foi registrado um caso anterior de morte de peixe-boi comprovadamente em decorrência de captura em artes de pesca. No ano passado, foram nove os casos registrados no estado. (Paulo Roberto/ Ibama)