EUA declaram que consumo de produtos de animais clonados “é seguro”

A carne e o leite de vacas, cabras e porcos clonados e de seus filhotes são “tão seguros” para o consumo como o consumo de animais “não-clonados”, segundo autoridades reguladoras dos Estados Unidos, que anunciaram nesta quinta-feira (28) seu veredicto após mais de cinco anos de estudos.

“Baseando na análise de centenas de publicações e em outros relatórios, determinamos que a carne e o leite dos clones e de seus filhotes são tão seguros como os alimentos que comemos todos os dias”, disse Stephen Sundlof, veterinário-chefe da Agência de Alimentos e Remédios (FDA, em inglês). Em entrevista coletiva, Sundlof destacou que as conclusões coincidem com as obtidas em 2002 pela Academia Nacional de Ciências.

A decisão abre possibilidade para a eliminação da atual moratória sobre a venda de alimentos de animais clonados – o que deve ocorrer a partir de abril, quando termina o prazo para que o público faça comentários sobre a decisão desta quinta-feira. Os produtos também poderão ser exportados, informou hoje Sundlof.

A agência ainda não tomou uma decisão sobre as embalagens, mas indicou que, uma vez garantida a segurança dos produtos, é improvável que sejam exigidos rótulos especiais.

O anúncio chega três anos depois de a FDA ter insinuado sua intenção de avançar nessa direção.

O polêmico plano para levar ao supermercado os derivados de animais clonados promete mobilizar grupos que são contra a prática da clonagem questionando sua segurança – como o Centro para a Segurança Alimentar, a Federação de Consumidores dos EUA e a Associação Internacional de Produtos Lácteos. A Associação Internacional de Produtos Lácteos calcula que as vendas de derivados animais poderiam cair 15% ou mais se a FDA aprovar a decisão.

Sundlof reiterou nesta quinta-feira que os temores em relação ao produto clonado são injustificados, e insistiu na sua aprovação científica. O veterinário da FDA disse que a clonagem é semelhante a outras técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro ou a inseminação artificial.

Por outro lado, as autoridades dos EUA lembram que a clonagem não é o mesmo que a engenharia genética – que implica na alteração ou na eliminação do DNA. “A clonagem não muda a seqüência”, afirmou a FDA, em comunicado à imprensa.

Em janeiro, o Centro de Pesquisa Animal do Departamento de Agricultura deve publicar um relatório sobre 400 animais – mais da metade são filhotes de clones – que cresceram em condições idênticas.

Um laboratório independente analisou mais de 14 mil características dos 400 animais e só encontrou irregularidades em um deles, segundo antecipou nesta quinta-feira o jornal “The Washington Post”. (Efe/ Folha Online)