A cada ano, mais de 12 milhões de pessoas no mundo sofrem com mordidas de cachorros e serpentes ou com picadas de escorpiões e outros animais venenosos, enquanto prevalece a escassez do soro necessário para tratar esses casos, alertou nesta terça-feira (9) a OMS – Organização Mundial da Saúde.
A falta de disponibilidade ou o custo excessivo do soro terapêutico correspondente (dotado de anticorpos) é particularmente grave “nos países que mais necessitam” –na América Latina, na África e na Ásia -, segundo a agência sanitária da ONU Organização das Nações Unidas.
A fim de abordar o problema, a organização prepara um plano de cinco anos com um orçamento de US$ 10 milhões para reforçar a produção de soro terapêutico nos países em desenvolvimento.
Cientistas e representantes de farmacêuticas, assim como de países doadores, se reunirão amanhã na sede da OMS, em Genebra, para estudar a iniciativa.
Segundo os especialistas da entidade de saúde, a produção do soro terapêutico caiu nos países industrializados devido à pouca margem de rentabilidade que gerava – e à incerteza sobre as quantidades realmente necessárias. O produto também, muitas vezes, “não alcança o padrão de qualidade que garanta sua efetividade e segurança”, sustenta a OMS.
Diante desta evidência, o organismo assinala que é fundamental impulsionar a produção local, “uma iniciativa que poderia salvar milhões de vidas”.
Mordida de cães – A raiva é a décima causa de morte por infecções em humanos, a metade de suas vítimas são crianças menores de 15 anos e, embora seja uma doença fatal, também pode ser prevenida quando o soro terapêutico está disponível imediatamente após uma mordida.
Segundo as estatísticas da OMS, 8 milhões de pessoas necessitariam receber o soro contra a raiva a cada ano por serem expostas a animais suspeitos de infecção.
Serpentes – Quanto à mordida de serpentes e picadas de escorpiões, a OMS indicou que a cada ano são registrados 5 milhões de casos – dos quais, entre 50% a 75% devem receber tratamento para prevenir morte, desordens neurológicas ou amputação de algum membro.
As principais vítimas são agricultores e crianças, que, em muitos casos, morrem sem entrar nas estatísticas – porque vivem em zonas rurais e costumam apelar para tratamentos tradicionais que não acabam não surtindo efeito.
Os especialistas da OMS calculam que é preciso cerca de dez milhões de doses do antídoto – desenvolvido a partir do soro – para tratar as mordidas de serpentes e escorpiões no mundo todo, dos quais unicamente a África requer dois milhões.
No caso da raiva, calcula-se que 16 milhões de doses seriam necessárias para cumprir com as diretivas internacionais sobre profilaxias após a exposição a um animal suspeito. (Efe/ Folha Online)