Uma equipe internacional de pesquisadores determinou que o tamanho das reservas florestais na Amazônia é extremamente importante para preservar as espécies locais: reduzir a floresta a ilhas de mata elimina espécies, com menos espécies sobrevivendo nas ilhotas menores.
O estudo, que envolveu cientistas brasileiros, durou 13 anos e avaliou os efeitos da fragmentação da floresta em 55 espécies de pássaros, em 23 áreas delimitadas de mata. Originalmente, todas as áreas analisadas formavam uma floresta contínua, mas 11 acabaram isoladas por terra agrícola. O trabalho será publicado na edição desta sexta-feira (12) da revista Science.
A fragmentação faz a floresta amazônica encolher milhares de quilômetros quadrados a cada ano, o que produz diversas ilhas de fragmentos isolados por terra “limpa”. Muitas espécies que existiam na mata contínua não estarão no fragmento pequeno, mas seria possível encontrá-las numa área igualmente pequena, só que cercada por floresta virgem? O trabalho atual sugere que não.
A equipe, encabeçada por de Gonçalo Ferraz, do Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas, estudou mais de 40 mil capturas de pássaros, realizadas nas 23 áreas de floresta analisadas. O resultado mais surpreendente do trabalho, segundo os pesquisadores, é que o isolamento é menos importante para a sobrevivência dos pássaros que o tamanho da área.
Embora o isolamento seja prejudicial para algumas espécies, ele não afeta muitas outras. No artigo, os pesquisadores relatam a descoberta de que “extinções locais são sempre mais prováveis em trechos pequenos do que nos grandes”, e que o “papel do isolamento é menos óbvio” que o do tamanho da área.
O tamanho da área é importante porque a floresta, embora pareça homogênea, é diversa: espécies que existem por toda a mata, em larga escala, podem ter necessidades muito específicas em pequena escala.
Áreas extensas de floresta englobam uma grande variedade de condições locais, e de espécies, para garantir a sobrevivência da Amazônia, dizem os pesquisadores. “Desflorestamento resulta em redução da área de floresta e no isolamento dos trechos remanescentes”, destaca o artigo. (Estadão Online)