A mineradora Vale do Rio Doce rebateu nesta sexta-feira (23) as críticas de movimentos sociais ao apoio dado pela empresa durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2007, promovida pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Em nota oficial, a Vale do Rio Doce afirmou que o apoio à campanha está em linha com a política social e ambiental da mineradora.
Segundo o comunicado, a Vale ajuda a promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem próximas às áreas de mineração. A companhia ressaltou que pretende aplicar R$ 300 milhões na área social e R$ 400 milhões no meio ambiente somente este ano.
Na última quarta-feira (21), nove pastorais sociais e entidades eclesiais condenaram o patrocínio da Vale ao lançamento da campanha, na capital paraense. Em manifesto, as entidades sociais afirmaram que o apoio dado pela empresa à transmissão da cerimônia de abertura pela televisão vai contra o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que é a preservação da Amazônia. Para os movimentos populares, as atividades da Vale do Rio Doce devastam a floresta e prejudicam o meio ambiente.
O manifesto também questionou o impasse da empresa com os índios Xikrin, no sul do Pará. Em dezembro, a companhia foi obrigada pela Justiça Federal a retomar o repasse mensal de R$ 430 mil para a comunidade indígena. Os recursos haviam sido suspensos em outubro, depois que os índios ocuparam um pátio da companhia em Marabá.
Na nota divulgada nesta sexta-feira, a Vale destacou que o caso está na Justiça. De acordo com a companhia, o próprio juiz do processo teria identificado a utilização irregular pelos índios do dinheiro enviado pela empresa. A ajuda serve como forma de compensação à comunidade Xikrin pela exploração do minério de ferro na Serra dos Carajás.
Em Brasília, o secretário-geral da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Odílio Scherer, afirmou que as dioceses são livres para discordar do apoio da Vale do Rio Doce. Ele salientou, no entanto, que a empresa não está patrocinando a Campanha da Fraternidade. “A Vale só deu apoio ao evento de abertura”, ressaltou Scherer. “A campanha é uma atividade da Igreja e envolve toda a sociedade.”
O manifesto contra o apoio da Vale do Rio Doce foi assinado pela Articulação Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada, a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, o CNLB – Conselho Nacional do Laicato do Brasil, o Grito dos Excluídos e o Grito dos Excluídos Continental. Também assinaram o documento as seguintes pastorais: do Menor, dos Migrantes, da Juventude Rural e a CPT – Comissão Pastoral da Terra. (Wellton Máximo/ Agência Brasil)