Brasil terá mecanismo de incentivos se continuar reduzindo desmatamento

A continuidade da redução da taxas de desmatamento na Amazônia, além de beneficiar o clima do planeta, pode trazer benefícios financeiros ao Brasil nos próximos dois a três anos com a criação de mecanismos de incentivo para os países tropicais que reduzirem seus desmates.

É o que previu o pesquisador Carlos Nobre, do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, ao falar à Agência Brasil sobre a contribuição importante que o Brasil pode oferecer na redução da emissão dos gases do efeito estufa e das ameaças à biodiversidade do planeta em função das mudanças de habitats.

“Isso é muito claro. Tanto é que todos os mapas de áreas de risco ou ameaça à biodiversidade colocam a Mata Atlântica como um lugares onde as espécies estão mais ameaçadas”, afirmou Carlos Nobre, ao destacar que o Brasil é um dos países que mais têm projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, do Protocolo de Kyoto. Grande parte desses projetos visa justamente evitar a emissão de gases poluentes na atmosfera.

“Na última reunião da Convenção do Clima, em Nairóbi, no ano passado, o Brasil fez uma proposta, que está sendo debatida internacionalmente, de criar um mecanismo de recompensar os países tropicais que conseguirem reduzir as taxas de desmatamento”, disse Nobre em entrevista.

Para o pesquisador do Inpe, o Brasil é o país que tem a maior taxa de desmatamento do mundo, seguido pela Indonésia. “Esses e vários outros países tropicais, se esse mecanismo for implementado, terão um grande incentivo”, previu Carlos Nobre.

O pesquisador destacou, ainda, que mesmo sem essa ferramenta, o Brasil já está buscando a redução das taxas. Na questão da biodiversidade, porém, ele avaliou que o problema é mais complexo. “O esforço maior tem de ser feito na Mata Atlântica. Ali há o maior número de espécies ameaçadas de extinção”.

Por fim, Carlos Nobre disse que a Mata Atlântica que resta ao país, o que equivale a menos de 10% de suas florestas, se acha muito fragmentada. “Então, o esforço enorme tem de ser feito com relação à Mata Atlântica”, concluiu o pesquisador do Inpe. (Kaxiana – Agência de Notícias da Amazônia)