Índios ficam em frente ao canteiro de obras hidrelétrica por tempo indeterminado, diz missionária

Os indígenas e ribeirinhos que durante dez horas de bloquearam a rodovia Belém-Brasília, na segunda-feira (16), provocando um congestionamento de cerca de dez quilômetros nas duas pistas, vão continuar no acampamento montado em frente ao canteiro de obras da hidrelétrica de Estreito no Maranhão, por tempo indeterminado. A informação é da missionária Laudovina Pereira, do Cimi – Conselho Indigenista Missionário.

A ação faz parte do Abril Indígena, uma série de manifestações destinadas a mostrar à sociedade os principais problemas que os índios enfrentam atualmente. A principal reivindicação dos indígenas é que seja suspensa a construção da hidrelétrica de Estreito. Eles alegam que não houve uma discussão séria e profunda sobre os impactos ambientais da obra.

De acordo com a missionária, o Cimi apóia o Abril Indígena, pois a sociedade precisa saber das carências indígenas. “Os índios nunca fazem manifestações em vão. Se eles fecharam a rodovia ontem por mais de dez horas é porque eles têm reivindicações a fazer e a sociedade precisa saber disso”, disse a missionária.

Ela explicou que os índios têm toda uma simbologia em torno da água, por acreditarem que a vida surgiu da água. Segundo ela, o Programa de Aceleração do Crescimento prevê a construção de mais quatro hidrelétricas na bacia do Tocantins, o que conflita com a cultura da população do local.

Laudovina Pereira destacou que os manifestantes tiveram algumas conquistas, como por exemplo a promessa das Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado de conversar com as populações locais. “Os manifestantes estão reunidos para avaliar a possibilidade de que isso venha a acontecer”, disse Laudovina.

A missionária disse que as comissões das duas casas devem definir nesta quarta-feira (18) uma equipe para ir até as comunidades conversar com os moradores do local e conhecer a realidade dessas comunidades.

Ela criticou o desenvolvimento dos estudos de impacto ambiental, que segundo ela são feitos de forma pontual e fragmentada. A missionária disse que uma das propostas dessas comunidades é que os estudos levem em consideração o impacto de todas as hidrelétricas sobre a bacia do rio Tocantis.

Segundo a missionária, os manifestantes também tiveram a promessa do Ministério Público do Maranhão de analisar a viabilidade técnica de julgar a ação que pede a suspensão das obras da hidrelétrica de Estreito no prazo de dez dias. (Marcos Agostinho/ Agência Brasil)