Os anfíbios que sobreviveram aos dinossauros, erupções vulcânicas e outras catástrofes durante milhões de anos se extinguem rapidamente por não conseguirem se adaptar às mudanças no mundo, revela um estudo publicado na revista “BioScience”.
Andrew Blaustein, zoólogo da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, afirma que os anfíbios, especialmente os batráquios (sapos, rãs e salamandras) estão entre os vertebrados de melhor adaptação do planeta.
“Eles apareceram antes dos dinossauros, viveram sob climas diferentes e continuaram se multiplicando enquanto outras espécies se extinguiam. Mas, agora, não conseguem mais”, afirmou.
O estudo mostra que entre as mudanças estão a perda do habitat, a poluição das águas causada pelos pesticidas, as infecções e a maior exposição à luz ultravioleta. Em julho do ano passado, um relatório da revista “Science” havia apontado que, das 5.743 espécies de batráquios conhecidas, um terço estava em risco de extinção devido às mudanças ambientais.
Segundo o mesmo relatório, desde 1980 desapareceram pelo menos 122 espécies de batráquios. Eles são parte importante do ecossistema, porque se alimentam de insetos e são presa de animais maiores, num permanente processo de equilíbrio ecológico.
Segundo os especialistas, a extinção de espécies tem sido especialmente grave em países como Brasil, Equador, Panamá, México, Costa Rica, Colômbia e Venezuela.
Após o relatório da “Science”, cerca de 50 cientistas de todo o mundo pediram a adoção de medidas urgentes para evitar a extinção dos anfíbios. Eles propuseram um plano que inclui a alocação de US$ 400 milhões para tarefas de conservação de diferentes espécies.
Na pesquisa publicada na “BioScience”, os cientistas da Universidade do Oregon calculam que, devido às condições atuais de poluição, a extinção não só de anfíbios mas também de outros animais e plantas é a maior dos últimos 100 mil anos.
Os anfíbios atraem um interesse particular porque, segundo os cientistas, devido à sua fisiologia e seu ciclo de vida eles são expostos a uma ampla variedade de mudanças ambientais.
Os anfíbios têm pele permeável, vivem na água e no solo e seus ovos não têm carapaça dura, como os das aves. Além disso, põem os ovos em águas pouco profundas e sob a luz direta do sol, para receberem maior oxigenação, ajudar em seu crescimento e reduzir a predação.
No entanto, o aumento da radiação da luz ultravioleta, provocado pela erosão da camada de ozônio na atmosfera, está provocando mutações e alterando o sistema imunológico das espécies, informam os cientistas.
Além disso, antes a água era pura e limpa. Agora, com o uso cada vez maior de adubos modernos, os despejos e o estrume em seu habitat natural aumentam a incidência de infecções parasitárias. A poluição química dos sistemas aquáticos é cada vez mais comum, dizem os cientistas.
“Historicamente, os anfíbios evoluíam e se adaptavam às novas condições. Mas agora estão perdendo a batalha”, diz o estudo.
Agravando o alerta da “Science” do ano passado, os cientistas revelam que 43% das espécies de anfíbios na Terra estão em declínio. Outras 32% estão sob ameaça e a extinção total afeta 168 espécies.
Segundo Blaustein, os anfíbios estão demonstrando que as mudanças ambientais no mundo não têm precedente por sua rapidez.
“Muitas outras espécies também não poderão evoluir com suficiente rapidez e enfrentar as mudanças. Devido a suas características, os anfíbios serão apenas os primeiros a desaparecer”, prevê.
(Fonte: EFE / Folha Online)