Cerca de 200 funcionários da Funasa – Fundação Nacional de Saúde no Amazonas paralisaram as atividades na segunda-feira (14) depois que três servidores do órgão foram feitos reféns por índios tenharin na aldeia do Estirão, em Manicoré (436 km de Manaus), domingo (13).
Os funcionários, de 18 municípios da região de Manaus, afirmam não ter segurança para realizar seus trabalhos nas aldeias. A Funasa, que ontem declarou estar sendo usada como “bode expiatório” em meio a um conflito entre etnias, informou esperar que os servidores voltem aos postos hoje.
Neste ano, funcionários da fundação já foram feitos reféns de índios que exigiam melhorias no atendimento em aldeias de Minas Gerais e do Tocantins.
Em Manicoré estão sendo feitos reféns uma nutricionista, um odontólogo e um agente de patologia. Uma equipe da Polícia Federal e coordenadores da fundação foram ontem ao local para negociar a libertação. Segundo a Funasa, a situação estava sob controle no fim da tarde e os servidores devem ser liberados ainda hoje.
Ainda de acordo com a Funasa, o objetivo dos índios é pressionar para que o grupo indígena semi-nômade mura-pirahã, que está na mesma reserva há 30 dias, seja expulso do local.
A descoberta de minérios na área estaria no centro do conflito, segundo o coordenador regional do órgão Carlos Chaves. Para ele, caberia à Funai – Fundação Nacional do Índio resolver o impasse. “Eles (da Funai) estão criando espaço para o vandalismo”, disse Chaves, segundo quem um pedido de abertura de inquérito já foi feito à PF contra os índios.
Já a Funai afirma que os índios pedem, na verdade, melhorias na gestão da saúde. “A queixa é legítima. São índios pacíficos e querem um melhor atendimento”, disse João Melo Farias, do serviço de assistência da Funai em Manaus. (Matheus Pichonelli/ Folha Online)