Cientistas descobrem 700 novas espécies na Antártida

Uma extraordinária gama de vida marinha foi descoberta nas águas profundas e escuras da Antártida. Cientistas encontraram mais de 700 novas espécies de criaturas em mares até então considerados hostis demais para conter tão rica biodiversidade.

Eles coletaram grupos de esponjas carnívoras, vermes, crustáceos e moluscos. As descobertas, publicadas na revista Nature, podem lançar luz sobre a evolução da vida oceânica nessas áreas.

“O que considerávamos ser um vazio é na verdade um ecossistema dinâmico, variável e biologicamente rico”, disse a bióloga marinha britânica Katrin Linse, uma das autoras do estudo. “Encontrar este tesouro marinho é nosso primeiro passo para entender as relações complexas entre o oceano profundo e a distribuição da vida marinha.”

Novidades – A pesquisa forma parte do chamado projeto Andeep, o primeiro estudo amplo da vida marinha na Antártida. A finalidade da pesquisa é preencher o “vácuo de conhecimento” sobre a fauna que habita as regiões mais profundas do Oceano Antártico.

Em três expedições que ocorreram entre 2002 e 2005, uma equipe internacional de cientistas coletou dezenas de milhares de espécies dor mar de Weddell, a profundidades entre 774 metros e 6.348 metros. Mais de mil espécies foram descobertas, e muitas eram completamente desconhecidas da ciência.

Os pesquisadores encontraram, por exemplo, 674 espécies de isópodos (uma ordem dos crustáceos), a maioria dos quais nunca havia sido descrita, e 76 esponjas, 17 das quais eram totalmente desconhecidas.

“Esperávamos encontrar novas espécies, mas pesquisas anteriores sugeriam que a diversidade neste extremo sul seria pequena”, disse a coordenadora do estudo, Angelika Brandt, do Instituto e do Museu Zoológico da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.

“Por isso, ficamos muito surpresos de encontrar tanta diversidade.” Ela disse que o estudo pode lançar uma luz sobre a evolução da vida oceânica nessas áreas.

Cientistas querem estudar as diferenças entre as criaturas encontradas na Antártida e as em águas rasas, para entender como o clima e as condições em que vivem estes animais determinaram sua evolução ao longo do tempo. (Estadão Online)