A área total da Novo Millenium chega a quase 295 hectares, segundo a secretaria. Durante a invasão, centenas de árvores de grande e médio porte estão sendo derrubadas e queimadas. A entrada que dá acesso ao local foi interditada pelos invasores com grossas toras de árvores derrubadas.
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Manaus tem 57 bairros oficialmente. Só que há pelo menos 30 a mais, segundo a secretaria de Meio Ambiente da capital. Todos bairros nascidos de invasões que já ganharam até trechos de ônibus que circulam na capital.
“Mais de 90% da capital nasceu de invasões, só que com os desmatamentos constantes desde o início do século elas precisaram ser contidas”, afirmou o secretário de política fundiária George Tasso.
Mesmo com a tentativa de conter as invasões, segundo a secretária municipal de Meio Ambiente, Luciana Valente, no ano passado foram impedidas 38 novas invasões. “Foi um ano eleitoral, como é o próximo, então vamos esperar ainda mais invasões com proteção de alguns políticos”, afirmou.
Na tarde de quinta, a reportagem foi até a área invadida, onde muita fumaça pode ser vista por causa dos desmatamentos. Dois homens com uniforme da secretaria do Meio Ambiente saíam do local com um bicho-preguiça e uma arara vermelha. Os animais ficaram sem as árvores onde moravam e os próprios invasores chamaram a secretaria para resgatá-los.
Os invasores não quiseram falar com a reportagem de início, acusando a mídia de fazer “campanha” para não deixá-los ocupar o lugar. Alguns homens conversaram com a reportagem segurando terçados e foices, usados no desmate. Um deles, que se apresentou como um dos líderes da ocupação, Sidney Souza, afirmou que há pelo menos 4 mil famílias no local ou até 10 mil pessoas.
“Estamos aqui porque não temos para onde ir e sabemos que o presidente Lula vem aqui no fim de julho, portanto vamos pedir o apoio dele”, afirmou. Há dois meses, o presidente da República determinou que uma área da Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus, a invasão Nova Vitória, que existe já há três anos, fosse doada aos posseiros.
Segundo Sidney, cada família vai ocupar uma área de até 160 metros quadrados. “Aqui não tem nenhum latifundiário, só famílias que perderam suas casas nas enchentes de Manaus. Só gente que nem o governo nem a prefeitura se importaram”, destacou. De acordo com ele, não está sendo cobrado nada pelas terras e que ele é apenas um “organizador do processo de ocupação”. (Estadão Online)