Quem afirma é Eduardo Figueiredo, coordenador do Programa de Conservação da arara-azul-de-Lear da Fundação Biodiversitas. A ONG, fundada em 1989, recentemente conseguiu criar um santuário para a ave na Estação Biológica de Canudos, uma reserva particular no norte da Bahia. A ampliação do local se deu graças aos fundos da ABC – American Bird Conservancy.
Figueiredo é cauteloso ao comemorar o aumento do número de animais. Para ele, isso ainda está longe de tirar a ave da lista de espécies em risco. “É difícil estipular um número. A natureza fará isso, mas pelos próximos cinco anos a arara-azul-de-Lear ainda estará em risco”, afirma.
Já Michael Parr, vice-presidente da ABC, é mais animado “Este é um fantástico exemplo de sucesso – uma espécie criticamente ameaçada de extinção começa a ser recuperada graças à proteção de sua área de reprodução”.
Santuário “salvou” ave – Com o auxílio da ABC, a Biodiversitas adquiriu uma série de propriedades adjacentes para expandir a Estação Biológica de Canudos, estabelecendo uma área protegida de 1477 hectares, ampliando em 10 vezes o tamanho original da reserva.
A arara-azul-de-Lear é típica da região de Canudos e Jeremoabo, no Estado da Bahia. A ave utiliza os paredões de arenito como abrigo e se alimenta da palmeira Licuri. Atualmente, esta espécie é constantemente ameaçada pela ação de caçadores e traficantes de animais silvestres. “Ela não tem predadores naturais a não ser o homem”, diz Figueiredo.
A segurança da reserva é feita por quatro seguranças particulares. Mas, segundo Figueiredo, é pouco. Ele espera conseguir em breve parceiros no Brasil para equipar melhor os patrulheiros do santuário. “Falta equipamento de qualidade, faltam binóculos.” Mas a solução pode vir de perto. O ambientalista quer conscientizar a comunidade local para ajudar a preservar a espécie.
Além disso, a ONG conta com a ajuda da Polícia Florestal e Federal para coibir as ações de traficantes de animais silvestres e caçadores.
Prioridade dos outros
Figueiredo afirma que não há um levantamento concreto sobre os investimentos de cada país na proteção de sua fauna, mas acredita que o Brasil esteja muito atrás de outras nações, como a Alemanha. “O Brasil é prioridade de todos no que se refere à proteção ambiental, mas poucas vezes isso se reverte em ações reais”, lamenta.
Esperançoso, ele destaca alguns projetos brasileiros de sucesso, como o Tamar, que trabalha na preservação de tartarugas e a Fundação Mico-Leão-Dourado que investe na proteção do primata típico da Mata Atlântica. “São duas espécies-bandeira” – referindo-se a animais considerados símbolos da fauna brasileira – “mas a arara-azul-de-Lear também é.” (Portal Terra)