A Grã-Bretanha decidiu na quarta-feira (05) permitir, em princípio, a criação de embriões híbridos de seres humanos e animais para serem usados na pesquisa de doenças como o mal de Parkinson, Alzheimer e problemas neuromotores.
A Autoridade sobre Fertilização Humana e Embriologia (HFEA, na sigla em inglês) concordou em permitir um tipo específico de híbrido, em que o DNA humano é injetado num óvulo animal oco, disse uma representante do órgão regulador.
O “híbrido citoplasmático”, ou “cíbrido”, seria 99,9 por cento humano e 0,1 por cento animal.
Duas equipes de cientistas britânicos tinham pedido permissão à HFEA para criar esse tipo de híbrido, de forma a contornar a dificuldade de conseguir óvulos humanos.
Os pedidos ficaram em suspenso por quase um ano, esperando o resultado de uma consulta pública feita pela HFEA.
Os pesquisadores querem usar os embriões híbridos, que têm de ser destruídos depois de 14 dias, para criar células-tronco e ajudar a encontrar novos tratamentos para doenças degenerativas.
“Não é um sinal verde total para a pesquisa com híbridos citoplasmáticos, mas o reconhecimento de que essa área de pesquisa pode, com cuidado e escrutínio, ser permitida”, disse a HFEA sobre a decisão de quarta-feira.
Agora, a HFEA vai analisar os dois pedidos de permissão.
Cientistas da China, dos Estados Unidos e do Canadá já fizeram trabalhos semelhantes.
A HFEA adiou a decisão sobre outros tipos de híbridos, como os “híbridos verdadeiros”, criados pela fusão de um espermatozóide humano e um óvulo animal, e as “quimeras”, em que células humanas são injetadas em embriões animais.
O adiamento aconteceu porque não havia evidências de que os cientistas estejam pensando em usar esses híbridos em pesquisas.
Uma pesquisa de opinião com mais de 2.000 pessoas pesou na decisão da agência. Segundo a pesquisa, as pessoas apoiavam a criação de embriões híbridos como proposta pelas duas equipes de cientistas, mas só quando sabiam do motivo dos experimentos.
A maioria dos entrevistados – 61 por cento – deu seu apoio se os híbridos fossem ajudar a entender as doenças. O apoio caía para 35 por cento se os híbridos estivessem sendo criados para pesquisas não-específicas. (Estadão Online)