Este vírus altamente contagioso, que matou 60% dos humanos infectados, também pode se espalhar para outros órgãos além dos pulmões, como os intestinos, segundo o estudo publicado no jornal britânico The Lancet.
A equipe, liderada pelo médico chinês Jiang Gu, da Universidade de Pequim, estudou tecidos post mortem de dois adultos – um homem e uma mulher grávida – que haviam morrido devido à doença.
Desde que foi identificado pela primeira vez, em 1997, o H5N1 infectou oficialmente 328 pessoas no mundo, matando 200, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Na China, foram 25 casos, 16 deles fatais. Considera-se que este país tenha abrigado a primeira aparição do vírus, numa granja do sul da província de Guangdong.
Quase todas as pessoas que contraíram a doença lidaram diretamente com uma ave infectada. Poucos foram os casos registrados de transmissão entre humanos.
O medo dos cientistas é que o vírus sofra mutações e assuma uma forma que seja muito contagiosa entre os humanos, desencadeando uma pandemia similar a de 1918, quando pelo menos 20 milhões de pessoas no mundo morreram.
Pesquisadores detectaram material genético do vírus e antígeno não apenas nos pulmões, onde já se sabe que o H5N1 se aloja, mas também na traquéia, nas células de defesa T dos linfonodos e nos neurônios. Os médicos também encontraram traços do vírus na placenta, assim como nos pulmões, nas células imunológicas e ainda em células vivas do feto.
Antígenos são toxinas que causam uma reação imunológica no corpo, estimulando a produção de anticorpos.
Esta “transmissão vertical” do vírus H5N1 de uma parte do corpo para outra e também no útero “exige investigação completa, uma vez que a infecção materna com vírus comum da gripe normalmente não passa para o feto”, afirmou Gu.
Em humanos, o H5N1 afeta principalmente o trato respiratório baixo, reduzindo a capacidade pulmonar de capturar oxigênio e, com isso, causando falência respiratória.
O fato do material genético do vírus ter sido encontrado no intestino em mostras fecais “sugere que uma réplica viral aparece no intestino” ressaltam os patologistas Wai Fu Ng e Ka Fai To do Princess Margaret Hospital de Hong Kong.
“Esta descoberta pode ter importantes implicações para o controle da infecção”, disseram eles.
Os patologistas consideram que estes experimentos laboratoriais são necessários para confirmar a conclusão da equipe de Gu, segundo a qual o vírus é capaz de se multiplicar fora dos pulmões. (Yahoo Brasil)