A descoberta, publicada na revista científica “PNAS”, desmente a hipótese de que o HIV emigrou diretamente da África para os Estados Unidos. Segundo o estudo, a rota seguida pelo vírus pode ser de extraordinária ajuda para controlar a doença e conhecer sua evolução.
“O principal desafio para desenvolver uma vacina contra a aids é a tremenda diversidade genética (do vírus)”, afirmou um dos responsáveis pela pesquisa, o professor assistente de ecologia e biologia evolutiva na Universidade do Arizona, Michael Worobey.
De acordo com a árvore migratória desenvolvida pelos especialistas, o vírus começou a se espalhar pelo continente africano em meados do anos 1960 e há indícios de que chegou ao Haiti em 1966, há 41 anos.
Para chegarem a essa conclusão, os cientistas analisaram amostras de sangue e rastrearam a seqüência genética do vírus em cinco dos primeiros portadores da Aids detectados nos Estados Unidos, todos eles imigrantes procedentes do Haiti, e de 117 infectados pelo vírus no mundo todo.
“Nossos resultados demonstram que a variedade de vírus que engendrou a epidemia de Aids nos Estados Unidos chegou por volta de 1969, antes do que muitos tinham imaginado”, disse Worobey. Segundo o cientista, “o Haiti foi a passagem usada pelo vírus quando viajou da África Central e começou a se espalhar pelo mundo”. “Uma vez que (o vírus) chegou aos Estados Unidos, sua extensão ao redor do mundo foi explosiva”, acrescentou Worobey.
O estudo também revelou que no Haiti existe uma maior variedade do vírus HIV do que nos Estados Unidos. “Simplesmente, o vírus esteve presente ali mais tempo”, segundo Worobey, o que permitiu que sofresse mais mutações. Os primeiros casos de Aids diagnosticados nos Estados Unidos se remontam a 5 de junho de 1981, quando o Centro para o Controle de Doenças em Atlanta confirmou a existência de cinco infectados.
A partir da rápida expansão nos Estados Unidos, o HIV se espalhou pelo restante do planeta, principalmente na África e Europa Ocidental, até se transformar em uma pandemia. (Globo Online)