“É uma proposta extremamente temerária”, disse o economista Francisco de Assis Costa, do NAEA – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA – Universidade Federal do Pará. “Vão dar dinheiro para quem sempre desmatou: fazendeiro, madeireiro, grileiro”, ressaltou a diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ima Vieira. Ambos participaram ontem do seminário da Rede Geoma – Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia, em Petrópolis (RJ). No encerramento do evento, os mais de cem pesquisadores presentes aprovaram uma carta de repúdio ao pacto da ONGs.
A idéia é valorizar a floresta em pé de forma a torná-la economicamente mais competitiva na comparação com a pecuária e a agricultura. A proposta das ONGs usa o conceito de pagamento por serviços ambientais que hoje são prestados ?gratuitamente? pela floresta, como retenção de carbono e produção de chuvas. Assim, proprietários que deixassem de desmatar seriam pagos pela preservação dos serviços. O custo anual estimado é de R$ 1 bilhão. A proposta é assinada por nove grandes organizações: ISA, Greenpeace, Ipam, ICV, Conservação Internacional, TNC, Imazon, Amigos da Terra e WWF.
Para pesquisadores do Geoma, o mais lógico seria penalizar quem desmata ilegalmente, em vez de premiar aqueles que cumprem a lei. Para Ima Vieira, o pagamento por serviços ambientais só faria sentido em situação de legalidade. Não é o caso da Amazônia, onde quase todo o desmatamento é ilegal. (Estadão Online)