China lança sinais dúbios sobre planos para estação espacial

A China, terceiro país a ter levado um homem ao espaço por contra própria, pretende lançar até 2020 uma nova estação espacial, disse um de seus principais técnicos do setor na quarta-feira (07), desmentido em seguida por uma fonte oficial.

A estação espacial chinesa – que se somaria à já existente Estação Espacial Internacional – foi planejada como “uma oficina espacial de pequena escala, com 20 toneladas”, disse Long Lehao, projetista do foguete Longa Marcha 3A, ao jornal China Daily.

“É a primeira vez que um cronograma se torna público para a construção da primeira estação espacial (chinesa), o terceiro e último passo do atual programa espacial tripulado do país”, disse Long.

Mais tarde, por intermédio da agência estatal de notícias Xinhua, um porta-voz da Administração Nacional Espacial da China desmentiu o projetista. “A China no momento não decidiu desenvolver uma estação espacial”, declarou Li Guoping.

A polêmica ocorre no mesmo dia em que a Chang’e 1, primeira sonda lunar chinesa, entrou em sua órbita de trabalho, depois de duas semanas de viagem até o satélite, segundo a Xinhua. Nessa órbita a sonda deve realizar pesquisas durante pelo menos um ano.

A até agora bem-sucedida missão à Lua alimenta o surto de propaganda patriótica sobre a ascensão espacial chinesa — o que pode ter levado Long a falar com um entusiasmo que contrariou a cautela oficial.

Long se disse otimista com o plano da estação espacial, já que a China obteve progressos no desenvolvimento de uma nova família de lançadores de foguetes.

A única estação existente atualmente, ainda em construção, é uma obra conjunta de 16 países – Estados Unidos, Rússia, Japão, Canadá, Brasil e os 11 países da Agência Espacial Européia.

Em 2003, a China se tornou o terceiro país do mundo (após a extinta União Soviética e os Estados Unidos) a levar uma pessoa ao espaço a bordo do seu próprio foguete.

Em outubro de 2005, o país repetiu a experiência, colocando dois homens em órbita. Há planos para uma caminhada espacial em 2008 e para uma viagem tripulada à Lua dentro de 15 anos.

Os planos espaciais da China recebem elogios, mas também desconfiança. Há temores de uma corrida armamentista no espaço contra os EUA e outras potências, especialmente depois que Pequim destruiu em janeiro um satélite meteorológico seu para testar um míssil terra-espaço. (Estadão Online)