“Acho que temos que resolver muitas barreiras no que diz respeito aos chamados direitos de propriedade intelectual (das tecnologias limpas)”, disse Zhou Dadi, do Instituto de Pesquisa da Energia da China.
Caso os países desenvolvidos queiram de verdade ajudar a China na transferência tecnológica, afirmou, devem “pensar em como ajudá-la a cobrir os altos custos, a maioria dos quais não têm nada a ver com o material mas com os direitos de propriedade intelectual”.
Zhou fez estas declarações na apresentação, em Pequim, do último relatório sobre desenvolvimento humano do Pnud (Programa da ONU para o Desenvolvimento), que aponta que os países ricos devem cortar suas emissões poluentes em 80% em 2050 e adotar um mecanismo para transferir tecnologia limpa ao mundo em desenvolvimento.
Além disso, o relatório pede aos países emergentes, como China e Índia, para que cortem suas emissões de gases poluentes em 20% esse ano, e ressalta que “a credibilidade de qualquer acordo multilateral (sobre a mudança climática) residirá na participação dos maiores emissores do mundo em desenvolvimento”.
Bali – Intitulado “A luta contra a mudança climática: solidariedade humana em um mundo dividido”, o relatório serve de ante-sala para a cúpula da ONU, que começa em Bali (Indonésia) no próximo dia 3, para conseguir um pacto que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
Pequim se opõe à possibilidade de que os países em desenvolvimento assumam compromissos com a redução de emissões e responsabilizou por parte de sua poluição as grandes multinacionais que operam em território chinês.
“As multinacionais alcançaram muitos lucros no processo de globalização, e portanto deveriam contribuir para o desenvolvimento do país anfitrião em sua luta contra a mudança climática”, advertiu hoje Huang Jing, do Ministério de Ciência e Tecnologia chinês.
Segundo a Agência Internacional de Energia, a China ultrapassará este ano os EUA como principal emissor mundial de CO2 e, caso siga no ritmo atual de emissões, dois terços das geleiras chineses terão desaparecido em 2060, e o resto derreterá até o fim do século. (Folha Online)