As fêmeas da espécie se diferenciam porque são elas as “desesperadas” na hora do sexo, explica o autor do estudo, Jakob Bro-Jorgensen, da Sociedade Zoológica de Londres. “Elas são altamente promíscuas não apenas porque acasalam com vários machos, mas também porque acasalam muitas vezes – até mais de 30! – com cada um deles”, explicou Bro-Jorgensen ao G1. O objetivo, segundo o cientista, é garantir a concepção.
Além disso, elas têm seus “favoritos” entre os machos disponíveis, geralmente aqueles que conseguiram conquistar os melhores territórios do grupo. E costumam acasalar quase todas no mesmo dia – o que torna os espermatozóides dos machões favoritos um recurso extremamente limitado.
Na briga pelo melhor partido, elas chegam a atacar a concorrência. E, como resultado de tanta procura, os machos seguram a oferta e ficam cada vez mais seletivos. Enquanto elas procuram os melhores, eles buscam as que menos acasalaram. Se uma fêmea mais agressiva busca forçá-lo ao sexo depois que eles já estiveram juntos, eles chegam a contra-atacar.
Para o pesquisador, se apenas uma ou duas dessas características surgissem ao mesmo tempo já seria o suficiente para que a guerra dos sexos acabasse invertida em qualquer espécie. Por isso, ele acredita que outros animais podem apresentar comportamentos parecidos. “Há provas surgindo de conflitos como esse entre insetos e pássaros”, diz ele.
Bro-Jorgensen teme que evidências desse tipo de comportamento possam passar em branco pelos cientistas que estudam essas espécies. “Machos que não querem acasalar simplesmente não montam, o que é bem menos espetacular do que as tentativas das fêmeas que não querem acasalar de fugir dos machos”, explica.
Para o pesquisador, seus resultados mostram que a natureza não cria estereótipos. “Não podemos esperar que a natureza sempre coloque as fêmeas no papel de passividade quando o assunto é acasalamento, da mesma maneira que não podemos esperar que ela faça apenas machos que vão aceitar qualquer parceira sem pensar. A natureza favorece papéis sexuais mais amplos”, diz ele.
O trabalho de Bro-Jorgensen está publicado na edição desta semana da revista especializada “Current Biology”. (Globo Online)