Os índios também acusam a Fundação Nacional do Índio (Funai) de descaso. “Sabemos que o governo apóia projetos de manejo florestal em terras particulares, por que não apoiar em terras indígenas? Por que não nos ajudar a preservar nossas terras, oferecendo renda para as comunidades indígenas e garantido a perpetuação de nossa fauna, flora e recursos naturais?”, questiona o texto, divulgado na página eletrônica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Na carta, os Cinta Larga reconhecem que muitas vezes acabam “cedendo à pressão de garimpeiros e madeireiros para sobreviver”, e alegam que o fazem por não ter alternativas sustentáveis de renda.
Em relação aos reféns, detidos desde o último sábado (8), o texto afirma ser “uma forma de tentar resolver os problemas urgentes” e que a decisão é não liberá-los enquanto as autoridades responsáveis não atenderem às reivindicações.
Entre as exigências, estão a retirada da Polícia Federal das barreiras de acesso às aldeias, a elaboração de alternativas de desenvolvimento sustentável para a população indígena da região e de políticas que garantam educação de qualidade, além da revogação da portaria que repassa aos municípios a responsabilidade da prestação de serviços de saúde indígena.
O presidente da Funai, Márcio Meira, já está em Rondônia para negociar as exigências dos Cinta Larga. Os detidos na aldeia são um oficial do alto comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU), David Martins Castro, o procurador da República em Rondônia, Reginaldo Pereira da Trindade, uma senhora (ainda não identificada), um funcionário e o motorista da Funai.
Uma equipe com quase 40 policiais federais permanece na região da reserva, onde já atuava para reforçar a fiscalização do território. O grupo tenta combater a extração ilegal de diamantes e evitar novos conflitos entre indígenas e garimpeiros, como o que ocorreu em 7 de abril de 2004, quando 29 garimpeiros foram assassinados na reserva. (Agência Brasil)