Pouco antes da entrevista da ministra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no Planalto, um decreto para combater o desmatamento ilegal na região amazônica. O decreto prevê a elaboração de uma lista negativa dos municípios com os maiores índices de derrubada da floresta, o embargo de propriedades nas quais se registrarem crimes contra o meio ambiente e a aplicação de multas para quem adquirir, intermediar, transportar ou comercializar produtos das fazendas embargadas.
Em entrevista no Palácio do Planalto, Marina Silva afirmou que o aumento do desmatamento “não pode ser tratado como um presente para o presidente da República ou para a sociedade brasileira.” E acrescentou: “Deve ser entendido como um castigo.”
Mas não explicou as razões que existiriam, no seu ponto de vista, para a sociedade ser castigada.
Nesta sexta, após a entrevista da ministra, o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Tarso Rezende de Azevedo, que também estava no Palácio do Planalto, explicou que a causa do aumento do desmatamento pode ter sido o avanço da cultura de soja, de cana-de-açúcar e da agropecuária sobre as áreas de floresta.
A ministra do Meio Ambiente destacou os “esforços” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governo para reduzir o desmatamento. Marina Silva não informou o total da área real desmatada de agosto a novembro deste ano. Ela fez a ressalva de que, por se tratar de uma estimativa dos técnicos do governo, os 10% de aumento podem não ser confirmados. A ministra disse que, de agosto a novembro de 2006, a grande quantidade de nuvens pode ter dificultado a análise dos satélites que registram os desmatamentos. “É possível que o que está sendo enxergado (agora) a mais pelo satélite não era enxergado antes”, afirmou.
Em relação ao decreto assinado pelo presidente, Marina Silva informou que ainda é necessária a regulamentação das multas. Ela disse também que seu ministério ainda não fechou a lista dos municípios que mais desmatam a floresta amazônica. (Estadão Online)