“As irmãs (da ordem Concepcionista, que vivem em clausura no mosteiro) sempre contaram que um dos túmulos já havia sido aberto uma vez, há cerca de 70 anos”, disse Silva, que hoje ocupa o cargo de procurador do mosteiro.
A data é imprecisa porque, segundo ele, entre as atuais 14 irmãs do convento, já não há mais nenhuma daquela época. As mais velhas, diz ele, têm 60 anos de clausura e contam que a abertura ocorreu antes de entrarem para o mosteiro.
A pista, segundo o cônego, era uma saliência que podia se observar no reboco do túmulo onde foram encontradas as múmias. “Era marca de um buraco que depois foi tapado.”
A descoberta, segundo Silva, não foi fortuita, como informou anteontem a direção do museu de Arte Sacra do mosteiro – embora os cupins, justificativa da direção do museu para a escavação, de fato comprometam o local. Além do carneiro (gaveta mortuária comum em construções antigas) onde foram achadas as múmias, um outro foi aberto, mas não foi tocado por orientação de arqueólogos.
A idéia, que “sempre existiu”, mas nunca foi executada, era abrir os túmulos para comprovar se havia corpos intactos.
O cônego diz que a decisão foi tomada em conjunto por ele, pela diretora do museu, Mari Marino, pela abadessa do convento, madre Eliana. Além da descupinizadora, uma equipe de 12 pessoas, entre arqueólogos, legistas, religiosos e fotógrafos, acompanhou a abertura desde a primeira martelada.
Outros quatro carneiros permanecem fechados e serão analisados com radares para avaliar a necessidade de abertura. No chão há mais dois túmulos. Não se sabe quantos corpos estão sepultados no local. Desde 1774, quando o mosteiro foi construído pelo frei Galvão, 129 irmãs foram enterradas ali. Mas, a partir de 1822, as freiras passaram a ser enterradas fora do prédio. (Folha Online)