Valle listou aos pequenos e aos adultos os alimentos impróprios enclausurados nas casas. “Papagaios comem dados aos pássaros pão e manteiga e sementes de girassol. Quando a fiscalização chega, eles estão gordos e tristes”. O biólogo disse que alguns passam a balançar a cabeça de um lado para outro. “Eles não estão dançando, estão lelé da cuca, pois na natureza vivem em grupo.”
Quem gosta de pássaro, aconselhou Valle, pode comprar um binóculo para observá-lo na natureza ou, então, colocar comedouros com frutas e sementes perto de casa. Nada de água com açúcar, como costumam fazer algumas pessoas para atrair beija-flor. Coloque apenas água.
Outro momento de muita descontração durante a soltura foi quando Valle apontou para o estagiário Roberto Cavalcanti Sampaio, do Cetas, e disse que ele havia formado em biologia, mas se especializou em correr atrás de passarinho. Por dez minutos, três vezes por dia, Roberto corre atrás dos pássaros no gaiolão onde ficam no Cetas para auxiliá-los a exercitarem o vôo. Faz parte do treinamento e preparo de retorno dos animais à natureza.
“Por que aquele pássaro azul está com uma marca de machucado (em cima do bico) fora a fora na cara dele?”, quis saber um dos meninos que cercaram a equipe do Ibama. “Pergunta inteligente”, observou Anderson, explicando que aquela marca era resultado de o pássaro se debater na gaiola querendo liberdade. O biólogo disse que o animal “só se entrega à prisão perpétua” após muitas tentativas de fuga. A marca no rosto era um bom sinal: era prova de que aquele pássaro havia sido capturado recentemente e, portanto, teria facilidade em se readaptar à natureza.
Os animais silvestres sem origem legal, quando apreendidos dos traficantes (em feiras livres, em rodovias ou outros locais), vão para os Centro de Triagem de Animais- Cetas do Ibama. Permanecem o tempo suficiente para recuperar as forças e serem soltos. Aqueles sem condições de voltar a viver na natureza são destinados a zoológicos e criadouros conservacionistas. (Ibama)