“Assistência à saúde indígena deixa a desejar”, diz diretor da Funai

“A assistência à saúde indígena deixa a desejar”. Assim o administrador-executivo regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Macapá (AP), Frederico de Miranda Oliveira, respondeu às perguntas da Agência Brasil sobre o surto de diarréia e vômito que já matou um garoto de um ano e atingiu outras 57 crianças e quatro adultos da aldeia Tiryó, no município de Óbidos, norte do Pará.

“Até hoje, o poder público não conseguiu dar uma resposta à altura para o problema (da atenção à saúde dos índios)”, disse Miranda. “A assistência à saúde deixa muito a desejar não só no norte do Pará, mas também do Amapá e em outras partes do Brasil. Ela está muito prejudicada em todas as terras indígenas”.

O diretor reconhece que a não liberação de recursos impede o atendimento adequado, mas destaca problemas políticos dentro da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) como um dos maiores entraves às ações do órgão de saúde. “Há problemas dentro da própria Funasa em Brasília. Isso já foi discutido até com o Ministério Público Federal”, comenta.

“Há situações políticas que têm de ser resolvidas, questões com organizações não-governamentais (ONGs) inadimplentes, com encaminhamentos equivocados na área de assistência. Tudo isso junto acaba criando um grande problema para que a atenção à saúde não ocorra como deveria”, afirma Miranda.

O diretor explica que o máximo que a Funai pode fazer é, quando solicitada pela Funasa, dar apoio operacional e institucional. Ele diz que a Funai, responsável por estabelecer e executar a política indigenista no Brasil, já recorreu ao Ministério Público. “Os problemas da saúde indígena são graves e complexos. Envolve a Funasa em Brasília, articulações políticas. As ações não são só a nível local e o Ministério Público é importante porque pode ajudar a resolver as coisas de forma mais rápida”.

A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com a Funasa para comentar as críticas do diretor da Funai. (Fonte: Agência Brasil)