O método para alterar o DNA dos animais está descrito num estudo no site da revista “Nature” (www.nature.com). Usando vírus geneticamente alterados para “infectar” óvulos, os cientistas conseguiram obter dois macacos portadores do gene causador a doença. Um deles, com dez meses, já está apresentando sintomas. Os macacos também carregam um gene que deixa sua pele fosforescente, a prova física de que o experimento deu certo.
A doença de Huntington faz um determinado subtipo de neurônios morrer precocemente. As pessoas já nascem com a mutação que causa o distúrbio, mas em geral ele só se manifesta na vida adulta. Os principais sintomas da doença são movimentos involuntários e a perda da capacidade cognitiva (memória e raciocínio) e do equilíbrio emocional.
Até agora, a biologia do mal de Huntington vinha sendo estudada sobretudo em camundongos, mas macacos têm o organismo mais parecido com o humano e devem oferecer um modelo experimental melhor.
As novas cobaias foram criadas pelo Centro Nacional Yerkes de Pesquisa em Primatas, da Universidade Emory, de Atlanta (EUA). Segundo a entidade, é a primeira vez que se altera o DNA de primatas para simular uma doença humana. A escolha do Huntington se deve ao fato de esta ser uma doença genética de origem relativamente simples, atribuível a mutações em um único gene.
“Espécies de roedores podem capturar algumas das características da doença, mas elas não têm sido satisfatórias em capturar realmente sua essência”, diz Stuart Zola, chefe do Centro Yerkes. “Agora nós temos um primata não-humano geneticamente modificado que realmente apresenta os sinais clínicos que vemos nos pacientes (humanos).”
Segundo Zola, o sucesso da técnica pode abrir caminho para a criação de modelos animais mais complexos, que simulem problemas multifatoriais como os males de Parkinson e Alzheimer.
A doença de Huntington atinge até 7 em cada 100 mil pessoas, dependendo da população. Pessoas de ascendência européia são mais propensas a contraí-la do que africanos e asiáticos. Apesar de não existir cura, há tratamentos que podem retardar um pouco a mortalidade de neurônios. Após aparecerem os primeiros sintomas, porém, os pacientes morrem em cerca de 15 anos. (Fonte: Folha Online)