O acordo de cooperação permitirá que o Butantan produza o imunizante em pequena escala, em fase piloto, e realize testes clínicos em humanos. Com isso, o instituto estaria capacitado a produzir a vacina em escala industrial. O acordo com a instituição do governo norte-americano também prevê a transferência de tecnologia da vacina do rotavírus.
Um acordo de cooperação semelhante está sendo feito com o laboratório francês Sanofi-Pasteur, responsável pelo desenvolvimento da vacina contra a gripe e até hoje seu maior produtor mundial.
Por meio dessa parceria, o Butantan poderá fornecer 20 milhões de doses da vacina contra a gripe. Tornar o país 100% auto-suficiente em vacinas é uma das metas da nova política de inovação em saúde do governo.
“Estamos indo atrás de produtos para a saúde pública, como vacinas e fármacos, a preços menores, para que possamos atingir uma população de maior número. Não podemos usar uma vacina cara no programa nacional de imunização”, disse Hisako Gondo Higashi, diretora da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e de Produção do Instituto Butantan.
Embora o conceito de Complexo Industrial de Saúde esteja sendo mais discutido agora que o governo federal busca articular inovação em saúde e desenvolvimento industrial, o instituto paulista já está inserido nesse complexo, segundo Hisako, desde meados da década de 1980.
“A inserção do Butantan no programa de auto-suficiência se deu em 1985, quando faltou soro no país e precisamos aumentar a produção. A partir daí começou o investimento no instituto”, relembrou durante o Seminário sobre o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, realizado na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, na semana passada.
Para realizar os testes clínicos das vacinas contra a dengue e do rotavírus, o Butantan receberá apoio financeiro do BNDES, dentro do Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançado este mês pelo governo federal. “Atualmente, testes clínicos são muito caros”, disse Hisako à Agência Fapesp.
Segundo a pesquisadora, o BNDES está injetando R$ 32 milhões neste novo projeto. “O problema é que vacinas como dengue, a anti-rábica e a do rotavírus são produzidas em cultivo celular”, explicou a bioquímica.
O método, descoberto por cientistas japoneses em 1961, além de evitar o sacrifício de animais, permite a obtenção de um produto mais puro e capaz de induzir maior produção de anticorpos. O Butantan recebeu cinco cepas do rotavírus para o cultivo.
A produção atual de imunizantes nos laboratórios públicos, como Butantan e Bio-Manguinhos, já é altamente expressiva, permitindo que o país atinja a auto-suficiência. O instituto paulista, por exemplo, produz hoje a vacina tríplice, a hemófilos, a tríplice infantil, a vacina recombinante contra a hepatite B, a anti-rábica e a vacina da gripe.
“Em dois anos, o Brasil será auto-suficiente na imunização de idosos”, afirmou Hisako. A diretora do Butantan também adiantou que o instituto produzirá a primeira vacina pentavalente brasileira – que atuará contra o tétano, a difteria pertussis, a hepatite B e a Haemophilus influenza tipo B. (Fonte: Agência Fapesp)