O retorno da tripulação da missão espacial Shenzhou 7 à Terra pouco antes das 17h40 do horário local (06h40 da manhã em Brasília) foi “perfeito”, segundo o astronauta comandante, coronel Zhai Zhigang.
“Foi uma missão cheia de desafios, mas com um resultado perfeito. Estou muito orgulhoso do meu país”, afirmou Zhai à imprensa estatal após aterrissar em um descampado na província da Mongólia Interior, norte da China.
Durante as 68 horas em que esteve em órbita, a tripulação da Shenzhou 7 conduziu experimentos, lançou um satélite e realizou a primeira caminhada no espaço de um astronauta chinês.
Na tarde de sábado, o comandante Zhai saiu do módulo espacial às 16h41 (05h40 de Brasília) para uma caminhada no espaço que durou cerca de 20 minutos, enquanto os astronautas Liu Boming e Jing Haipeng acompanhavam as manobras de dentro da cápsula espacial.
Com o feito, a China se juntou à Rússia e aos Estados Unidos no seleto grupo de países que possuem tecnologia exploratória espacial capaz de permitir a sobrevivência em espaço aberto.
Orgulho nacional – A missão espacial foi divulgada pela imprensa chinesa com grande alarde.
O canal de TV estatal CCTV fez uma cobertura especial ao vivo dedicada à missão, que despertou forte senso de orgulho nacional entre os chineses.
Não por coincidência o retorno dos astronautas ocorre às vésperas das celebrações pelo dia nacional da China, 1º de outubro, data que marca o 59º aniversário da fundação da China moderna com a chegada do Partido Comunista ao poder.
Reforçando a mensagem patriótica, o presidente Hu Jintao e o primeiro ministro Wen Jiabao acompanharam de perto os momentos decisivos da missão espacial.
Wen estava presente na sala de comando quando os astronautas retornaram à Terra. Ele disse que a jornada foi “um novo e importante sucesso” para a nação em termos de tecnologia espacial e “uma inspiração para o povo da China”.
Hu Jintao, por sua vez, acompanhou o momento da caminhada espacial no sábado e teve uma conversa com os astronautas por telefone via satélite, transmitida ao vivo pela televisão.
“O sucesso de vocês representa a quebra de barreiras no nosso programa espacial tripulado”, disse Hu aos astronautas. “A pátria mãe e o povo agradecem vocês.”
Parte do sucesso da missão Shenzhou 7 se deve à cooperação com a Rússia, que cedeu a tecnologia para os trajes espaciais utilizados pelos chineses.
Próximos passos – Motivados pelo sucesso dessa missão, os chineses pensam agora em aterrissar na Lua, declarou o porta-voz Wang Zhaoyao, em declarações à CCTV. “Nós consideramos necessário para o nosso país fazer algo neste campo”, disse.
Ele afirmou que a ambição chinesa de conquistar a Lua é “muito desafiadora” e “um campo tático na alta tecnologia global”.
Antes de ir à Lua, porém, os chineses deverão concluir todas as duas últimas etapas do atual programa espacial que está em andamento.
A primeira etapa foi enviar astronautas ao espaço. A segunda é acoplar espaçonaves para formar um laboratório e a terceira é construir uma estação espacial.
As missões Shenzhou 1 a 7 já concluíram a primeira etapa do programa.
As próximas missões, Shenzhou 8 e 9, deverão ajudar a montar um laboratório espacial até 2010.
Depois, novas jornadas serão necessárias para construir uma estação espacial.
Estimativas divulgadas pela imprensa na China estimam que o país seja capaz de chegar à Lua em 2020. (Fonte: G1)